
Começou ontem, com muito buzinaço, a cobrança de pedágios na BR-135, principal rodovia entre o Norte de Minas e a capital mineira. Motoristas que haviam ameaçado fazer uma paralisação no sábado recorreram às buzinas para protestar contra a tarifação, que vai encarecer não só a viagem como a passagem de ônibus intermunicipal, o frete e o preço de vários produtos do agronegócio, num efeito cascata que promete atingir até quem nunca pisou naquela estrada.
O empresário Luan Vieira é um dos motoristas inconformados com a cobrança. Dono de uma transportadora de material biológico, vai de Montes Claros a Belo Horizonte cinco vezes por semana. Como usa um veículo de dois eixos, calcula que terá um gasto mensal de pelo menos R$ 1.817.
“Como tenho contrato, preciso cumprir. Mas já iniciei tratativas com o tomador do serviço para reajustar o frete, pois esse dinheiro vai fazer falta no orçamento”, diz Vieira, que critica a quantidade de praças e o preço praticado.
Um carro de passeio que for de Montes Claros a BH passará por cinco cancelas, ao preço de R$ 7,20 cada, além da praça já instalada na BR-040, cuja tarifa custa R$ 5,30. Vai gastar R$ 41,30 por trecho, ou R$ 82,60 ida e volta.
SAÍDA
A bancada do Norte, formada por Tadeu Martins Leite (MDB), Gil Pereira (PP), Virgílio Guimarães (PT), Leninha (PT), Carlos Pimenta (PDT), Arlen Santiago (PTB) e Zé Reis (PSD), se reuniu na semana passada na tentativa de buscar uma solução.
Ficou decidido que um estudo técnico será realizado por todos os gabinetes em busca de uma saída – negociável ou judicial. A conclusão será apresentada na próxima reunião, ainda a ser marcada.
Mesmo que o edital tenha sido publicado no governo anterior, o atual governador, Romeu Zema (Novo), vem sofrendo pressão para interferir no contrato de concessão.
Procurado, o governo de Minas informou, por meio da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), que a tarifa é calculada sobre o volume de veículos e os investimentos necessários para garantir fluidez e segurança aos usuários da rodovia, e que a equação foi definida no processo licitatório, ainda na gestão anterior.
A rodovia é gerenciada pela Eco135, vencedora da concessão e responsável por administrar 363,95 quilômetros da estrada. Em nota, a concessionária afirmou que estão previstos investimentos de R$ 1,9 bilhão e que emprega diretamente mais de 200 profissionais operacionais e administrativos. Indiretamente, teriam sido abertos 1.300 postos de trabalho.
Disse ainda que as equipes operacionais já atendem aos usuários das rodovias BR-135, LMG-754 e MG-231 desde dezembro de 2018, duas semanas antes do prazo estipulado, e que cumpre rigorosamente o contrato firmado com o Estado, realizando a recuperação da rodovia e a prestação de serviços aos usuários.