A indignação e a espera exaustiva por uma solução do poder público levaram os moradores do bairro Cintra, localizado na região central de Montes Claros, a se unirem em manifestação para atrair a atenção da administração municipal. Os manifestantes utilizaram fogo e faixas com pedidos por atenção para marcar o ato.
O autônomo Romilson Barbosa, que mora à beira do córrego que passa pelo bairro, destacou serem inúmeros os problemas que incomodam aos moradores, mas atinge também a quem utiliza o bairro como rota. “Nós vivemos uma situação diária de enfrentamento a doenças respiratórias, principalmente a rinite, lidamos com o medo da água voltar e invadir nossas casas quando chove e, além disso, tem os animais peçonhentos que a todo momento chegam às casas”, contou Romilson. Ele declara que os moradores se sentem esquecidos e, apesar do bairro estar no “miolo da cidade”, não há nenhuma atuação em favor dos moradores, embora as reclamações sobre o problema sejam frequentes. “No local, deveria passar a continuação da Avenida Itamar Caldeira Brant. E se você olhar no Google, diz que existe uma Avenida, mas o que tem aqui é um lixão. Estudantes precisando passar no lixo para chegar à escola”, disse.
O bairro Cintra está numa área de acesso a vários outros bairros da cidade, como Lourdes, São José, Vera Cruz, Delfino Magalhães, Jardim Palmeiras, Santa Rita e Nossa Senhora de Fátima. Na região ficam localizadas as escolas Francisco Tofani, Simeão Ribeiro e posto de saúde, e segundo os manifestantes, o lixão está tão característico, que motoristas de veículos pequenos e até ônibus de agência de turismo, fizeram do espaço um local de descarte. “É questão de saúde pública, não queremos mais esse lixão aqui. É urgente uma solução”, reitera Romilson.
O mototaxista Wesdon Guimarães, morador da região, diz que a situação é inadmissível. “A situação é precária. Próximo à minha casa, estou encontrando lacraia e escorpiões. As pessoas jogam lixo e animais mortos. Quando a gente fala alguma coisa, ficam agressivos. Tem que fechar esse córrego. Não sei mais o que a gente vai fazer”, diz. Para o morador, falta uma iniciativa rígida do poder público e o pedido da prefeitura para não jogarem lixo não é suficiente. “Esses dias veio máquina, limpou, ficou bom. Mas vem pessoal de longe e joga novamente. Falta uma fiscalização mais dura por parte da prefeitura”, opina.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Montes Claros informou que “por meio da Secretaria de Serviços Urbanos, realiza periodicamente a limpeza do local, a cada dez dias, retirando várias toneladas de entulho. No entanto, ainda ocorre o descarte irregular de resíduos pela população nessa área”, prossegue, solicitando a colaboração da população para evitar esse tipo de descarte e direcionar o lixo a um dos 10 pontos de coleta destinados a receber resíduos. Sobre a obra que deveria ter sido executada na área, a prefeitura disse que “Atualmente, está sendo concluído o projeto do trecho que vai da Avenida dos Militares até a Rua Claudionor Antônio de Brito. Assim que o projeto for concluído, a obra será licitada. Vale ressaltar que existem ocupações irregulares em todo o trecho, que necessitam ser analisadas e resolvidas caso a caso”.