
Na segunda-feira (08), Montes Claros recebe o segundo encontro regional do Fórum Técnico Minas Sem Miséria, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em parceria com mais de 70 entidades da sociedade civil e do poder público. O objetivo é subsidiar a elaboração do Plano Mineiro de Combate à Miséria, com foco no Norte e Noroeste do estado. O evento ocorre no Campus Professor Darcy Ribeiro da Unimontes e irá reunir palestras e grupos de trabalho ao longo do dia.
A deputada Bella Gonçalves (PSOL), presidenta da Comissão de Direitos Humanos da ALMG, articulou o Fórum e destinou recursos para Montes Claros, R$ 250 mil para auxílio alimentação de 185 estudantes da Unimontes, mais R$ 125 mil anuais para o Programa de Pesquisa e Extensão ao Núcleo Citadinos, em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que apoia cozinhas solidárias e estudos sobre soberania alimentar.
“Estamos debatendo um plano estadual para enfrentar a miséria com políticas públicas estruturais, ao mesmo tempo em que destinamos recursos concretos para garantir direito à alimentação, saúde e cultura em Montes Claros”, afirmou Bella Gonçalves. A deputada destacou ainda que cabe à Assembleia promover o debate público e encaminhar propostas ao Executivo.
O plano está associado ao Fundo de Erradicação da Miséria (FEM), que movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano para áreas como saúde, educação, assistência social e políticas de combate à fome. “Ainda há ausência de planejamento e, quando isso acontece, o assistencialismo toma conta e ações de longo prazo nunca vêm”, pontuou a deputada, que integra o comitê gestor responsável pela aplicação dos recursos.
Segundo a deputada, Montes Claros é o município mineiro com maior número de iniciativas solidárias, como as cozinhas, que inspiraram a política nacional. “O Norte e o Nordeste de Minas têm municípios muito pobres, onde as cozinhas solidárias prosperam. Por isso, elas precisam ser financiadas com recursos do FEM”, destacou.
A presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Unimontes, Maria Carolina Caldeira, estudante de Serviço Social, ressaltou a relevância de a universidade sediar o evento. Ela destacou a abrangência regional da instituição, especialmente no Norte de Minas, território que mais sofre com a falta de políticas públicas. “A Unimontes está localizada exatamente na região mais carente de políticas públicas, por isso é importante ter esse evento aqui”, afirmou.
“Esse número de 185 bolsas foi o que coube dentro dos R$ 250 mil destinados. O valor é semelhante ao do Programa de Assistência Estudantil (PAE) que não cobre o campus de Montes Claros, tornando esse auxílio exclusivo para os estudantes da sede. Vai ajudar muito”, explicou a estudante.
Segundo ela, é preciso ampliar os investimentos para atender à demanda dos alunos da região. “Agora é importante que outros parlamentares também destinem recursos. Estamos em uma região muito carente, com muitos estudantes trabalhadores, vindos de diferentes municípios e até de outros estados. Talvez outras universidades não tenham uma necessidade tão grande de assistência estudantil quanto a nossa. É preciso esse recorte social para fortalecer os programas e nos ajudar”, defendeu.