Montes-clarense paga 30% mais por gasolina em um ano

Alta do combustível impacta em todos os setores e pesa na inflação

Da Redação*
07/05/2022 às 00:27.
Atualizado em 07/05/2022 às 10:32
Preço da gasolina variou de R$ 7,31 a R$ 7,89 em MOC em abril, segundo ANP (larissa durães)

Preço da gasolina variou de R$ 7,31 a R$ 7,89 em MOC em abril, segundo ANP (larissa durães)

Desembolsar R$ 7,50 pelo litro de gasolina tem sido uma tarefa pesada para a maioria dos montes-clarenses. Esse é o preço médio cobrado pelo combustível na cidade em abril deste ano, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP). O valor é 30% mais alto do que o cobrado há um ano. Em abril de 2021, o preço médio estava em R$ 5,77.

Nesse período, nenhuma negociação salarial chegou minimamente perto desse índice – muitas não conseguiram nem mesmo a reposição da inflação, de 10,06% em 2021 –, o que evidencia como o custo de vida tem ficado pesado para o trabalhador.

Para a economista Vânia Vilas Bôas, coordenadora do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), do Departamento de Economia da Unimontes, o aumento dos combustíveis tem impacto direto em todos os setores da economia.

“O transporte coletivo fica mais caro, a tarifa dos aplicativos fica mais elevada, e tudo isso reflete diretamente no bolso do consumidor”, afirma. E o pior, de acordo com a professora, “não tem como escapar da situação”: o trabalhador é quem acaba tendo que arcar com todo esse custo.

Somente em abril, de acordo com o levantamento da Unimontes, o grupo de transportes registrou uma variação de 2,64% – a maior entre todos os grupos pesquisados. A alta da gasolina ficou em 5,67%, do etanol em 9,21% e do diesel, 5,37%.

Somado à alta do grupo alimentação, que teve variação de 2,43%, o IPC ficou em 1,35%. Abaixo do 1,69% de março, mas totalizando 5,13% em apenas quatro meses do ano.
 
ESTRATÉGIAS
Nem mesmo buscar pelo menor preço da gasolina tem compensado, segundo o motorista de aplicativo Hubert Gonçalves. A diferença de valores entre cada estabelecimento não compensa porque o gasto para se deslocar de um ponto a outro é maior.

Trabalhando com o app há seis meses, pela falta de outra oportunidade, Hubert diz que o serviço não tem retorno financeiro.

“Espalhei currículo em toda a cidade, mas até o momento não consegui outra coisa. Por falta de opção, acabei optando pelo aplicativo. As corridas longas não compensam, porque mesmo com o aplicativo cobrindo a taxa de deslocamento, o valor é irrisório e acaba ficando a mesma coisa. Mas a gente não pode escolher, porque se houver muito cancelamento, eles nos cancelam também. É torcer para ter sorte com as corridas”, afirma.

Para tentar driblar o alto custo para trabalhar com o app e conseguir manter o orçamento familiar em equilíbrio, Mauro Junior diz que tem deixado de comprar muita coisa. “A situação está muito apertada, está tudo muito caro”, lamenta.

Postos devem exibir preços com duas casas decimais
Hoje é o último dia para que os postos de combustíveis de todo o país se adequem à regra de exibir o preço dos combustíveis com duas casas decimais, e não mais com três, como ocorre atualmente.

A mudança foi determinada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), por meio da Resolução nº 858/2021, publicada em novembro do ano passado.

De acordo com a ANP, o objetivo da mudança “é deixar o preço do combustível mais preciso e claro para o consumidor, além de estar alinhado com a expressão numérica da moeda brasileira”.

Assim sendo, acrescenta a agência, os preços deverão ser exibidos com duas casas decimais tanto no painel de preços quanto nos visores das bombas abastecedoras.

A ANP informa, no entanto, que nas bombas o terceiro dígito poderá ser mantido, desde que marcando zero e travado no momento do abastecimento. 

“Dessa forma, os postos não precisarão trocar os módulos das bombas, o que poderia acarretar custos aos agentes econômicos”, justificou a agência.

Na avaliação da agência, a mudança não implicará o aumento do valor final dos preços dos combustíveis, uma vez que a norma não trará “custos relevantes aos revendedores e nem restrições aos preços praticados”.

*Com Márcia Vieira e Larissa Durães

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