(Arquivo Pessoal)
Flávio Gonçalves Oliveira, professor da UFMG em Montes Claros, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Verde Grande e diretor da Sociedade Rural, tomou posse como conselheiro suplente no Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) em uma cerimônia em Brasília no dia 10 de setembro. O CNRH, órgão integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), é composto por 50 membros e tem como missão discutir e tomar decisões sobre políticas públicas de água e saneamento.
Durante o evento, Marco Neves, diretor interino da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), ressaltou a importância de abordagens integradas para a formulação de políticas públicas, que considerem a gestão da água de forma ampla e interconectada.
Na sua posse, Flávio Gonçalves destacou seu papel como representante da sociedade civil no CNRH e a importância de ouvir diferentes segmentos, desde governos a entidades civis, para tomar decisões que afetam os recursos hídricos. “Como representante do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Verde Grande, dentre diversos comitês de rios federais, irei representar a sociedade civil nas discussões no tocante aos recursos hídricos e o saneamento no Brasil. Essa ação visa escutar os diversos segmentos de nosso país, desde os governamentais, usuários, entidades de classe e sociedade civil, para podermos tomar decisões e discutir sobre a legislação que rege, qualquer situação que afete os nossos recursos hídricos”, disse.
Para O NORTE, ele explicou que, embora seu cargo seja mais representativo, ele terá a oportunidade de participar de discussões importantes e acessar informações que ajudam a nortear ações para o Norte de Minas, região semiárida que sofre com longos períodos de seca e rios intermitentes. “Mesmo com um cargo mais representativo, estar no Conselho nos permite participar das discussões e ter acesso a informações importantes, o que facilita nossa atuação. Isso é positivo para o Norte de Minas, pois estamos lá defendendo nossa bandeira”, afirma.
Como vice-presidente de um comitê, Flávio enfatizou seu foco na gestão hídrica e na conscientização ambiental, além do desenvolvimento de projetos para armazenar água durante as chuvas, utilizando recursos oriundos da compensação pelo uso da água. Ele também defendeu a construção de barragens como solução prática para a escassez de água na região. “Sou sertanejo, criado aqui. Minha família é uma das fundadoras de Montes Claros, tenho raízes profundas na região e sou especialista na área. Já milito há muito tempo em defesa da construção de barragens, algo que o governo do Estado tem dificultado. Na área ambiental, muitos são contra as barragens, mas temos que ser práticos: sem água, não há como viver, e sem água, não há alimento. Não adianta procurar outra solução mirabolante. Em uma região tão seca, as barragens são a solução. Estou há 30 anos lutando por essa causa, e agora tenho a oportunidade de fazer a diferença”, declara o professor com convicção.
Ele anunciou sua participação em uma missão de três dias em Fortaleza, Ceará, a partir de 23 de setembro, junto à Sociedade Rural de Montes Claros e representantes do Governo de Minas. “O objetivo é aprender sobre práticas bem-sucedidas de agricultura irrigada e gestão hídrica no Ceará, que poderão ser adaptadas ao Norte de Minas”. Essa iniciativa também servirá como preparação para o II Fórum das Águas, previsto para novembro, buscando fortalecer a gestão hídrica e o agronegócio na região através da troca de experiências.
“A proposta é aprender com os processos que o Ceará implementou, como açudes e barragens, e adaptar essas soluções para o Norte de Minas, enfrentando os desafios da seca e promovendo o desenvolvimento regional”, concluiu Flávio.