
Um dia após a Prefeitura de Montes Claros derrubar a obrigatoriedade do uso da máscara em locais abertos, estendeu a liberação também para áreas fechadas, desde que cumpridas algumas condições.
A autorização consta de decreto municipal divulgado na noite da última sexta-feira. Inicialmente, a administração havia anunciado que, para a retirada do acessório em local fechado, seria necessário atingir 70% da população com a terceira dose da vacina contra a Covid.
No entanto, voltou atrás e justificou, no Decreto nº 4.382, que “com a flexibilização do uso de máscara por todos os estados brasileiros, ressalvando a obrigatoriedade do uso em locais específicos, não existe mais justificativa epidemiológica para a manutenção da obrigatoriedade de uso, de forma isolada, pelo município de Montes Claros”.
A exceção é válida somente para espaços de atendimento de saúde, como postos, hospitais e clínicas, no transporte coletivo urbano, nos locais que prestam serviço de teleatendimento, como call centers, nos cinemas e teatros e para pessoas que estiverem trabalhando na distribuição e preparo de alimentos.
Assim como o anúncio de que seria permitido circular pelas ruas da cidade sem o anteparo, a liberação em áreas fechadas divide opiniões.
A profissional de marketing M.H., que teve Covid-19 recentemente, acha prematura a retirada. “Vou continuar usando, me preocupo com a mutação do vírus, o surgimento de uma nova variante e acho que o prefeito está pouco preocupado com isso. As crianças não foram vacinadas, tem gente mentindo, dizendo que tomou a vacina e não tomou”, avalia.
Para a doméstica Rosana Fernandes, a medida é válida para quem não tem medo de ser contaminado. Ela pega dois ônibus por dia e, mesmo sozinha no ponto, decidiu conservar a proteção.
“Eu tive Covid duas vezes, sei o sofrimento que é e acho que não é hora de liberar. Tenho pai idoso e preciso ter cuidado. Se tem que usar no transporte coletivo, acho que deveria manter também em supermercado e outros lugares. Acho muito cedo retirar”, afirma.
Já o estudante Talysson Henrique acredita que está na hora de a população se acostumar a conviver com o coronavírus. “É hora de considerar a não obrigatoriedade. A pandemia vai virar uma endemia. Não vai dar para erradicar o vírus com mais um, dois ou três anos de máscara. Ela não vai mudar muita coisa. O grande problema é que muitas pessoas não querem se vacinar. A imunização é importante”, afirma o jovem que ontem já circulou sem a máscara.
CENÁRIO MAIS SEGURO
A infectologista Cláudia Biscotto pontua que o aumento recente da cobertura vacinal e a redução considerável da circulação do vírus oferecem mais segurança para que as pessoas possam circular tanto em ambientes fechados como abertos sem a máscara.
“Obviamente, com as restrições que o decreto recomenda. São situações em que o uso deve ser respeitado”, alerta Cláudia, que defende a máscara por aquelas pessoas que ainda não se sentirem confortáveis com a nova situação.
“Aqueles que ainda estão inseguros, devem manter o uso da máscara até que se sintam prontos. Lembrando que os cuidados continuam: higienizar as mãos e evitar aglomerações. Quando estiver em ambiente aglomerado, é recomendável usar a máscara, bem como as pessoas que tenham comorbidade e idosos acima de 65 anos”, explica.