Graças à mobilização dos moradores, a escola Casa de Juventude São Luís Gonzaga, que atende 150 crianças no bairro Carmelo, em Montes Claros, não fechará as portas. A instituição, fundada por um religioso em uma das comunidades mais carentes do município, ameaçava interromper as atividades em razão de a prefeitura cancelar o convênio que garantia repasse de recursos. Ontem a Fundação Credinor se propôs a abraçar o projeto educacional a partir de 2019.
Parceira há oito anos da instituição Apóstolo Santiago _ fundada pelo falecido padre Henrique Munaiz, criador e responsável pela Casa de Juventude São Luís Gonzaga _, a Credinor anunciou a parceria com um gesto de solidariedade. Entregou à escola 1,1 tonelada de alimentos para manter a alimentação dos alunos.
“Nós já apoiávamos o projeto do padre Henrique. A escolha foi justamente por já contribuir para as instalações do projeto educacional do religioso. Padre Henrique tinha um interesse maior na formação das crianças no Carmelo, sobretudo para que fossem lideranças”, disse o presidente do conselho de administração da Credinor, Dario Colares.
Ele conta que a partir de fevereiro de 2019, a fundação irá desenvolver um projeto educacional na escola voltado para o cooperativismo. “A escola ensina de tudo um pouco e a nossa cooperativa desenvolve um trabalho em 16 cidades de educação empreendedora, financeira e cooperativista. Com o padre Henrique aqui, antes disso a gente vinha desenvolvendo esse projeto com o foco na educação”, atesta Dario Colares. Segundo ele, o projeto tem parceria com o Sebrae e a Organização das Cooperativas de Minas Gerais (Ocemg).
A mobilização para não deixar a escola fechar as portas começou há cerca de um mês, depois que O NORTE publicou matéria sobre a decisão de a prefeitura cancelar o convênio com a instituição de ensino. A partir daí, a vereadora Néia do Criança Feliz (PSDC) propôs audiência pública na tentativa de encontrar uma solução para que a escola continuasse a funcionar. Como não houve resposta da prefeitura, a Credinor tomou a frente.
A escola atende crianças no período matutino dos ensinos infantil e fundamental. “Como a gente sabe das dificuldades da instituição após o falecimento do padre Henrique, ele era o religioso que corria atrás de tudo sozinho, vimos a necessidade de arrecadar alimentos e doar à escola”, diz a coordenadora de projetos da Fundação Credinor, Clarice Neves. Na entrega dos donativos, as crianças receberam as visitas do Papai Noel, do Mickey e da Minnie em clima de Natal.
A Fundação Credinor arrecadou os alimentos por meio da exibição de uma peça de teatro beneficente. O presidente administrativo da escola, Cláudio Oliveira Pereira, disse que parte dos alimentos será doada a famílias carentes da comunidade e outra aos alunos. “Apesar de ser tirada a parceria com a prefeitura, conseguimos articular medidas para manter o projeto do padre Henrique”, comemora.
Cleide Santos, mãe de um dos alunos da escola, se disse aliviada ao ter a notícia que a escola se manterá no próximo ano. “Meu filho estuda aqui há dois anos. O ensino é muito bom. A escola é muito importante para nós porque no bairro não tem outra de ensino infantil e fundamental”, conta a dona de casa.
O jornal O NORTE procurou a prefeitura para obter respostas sobre a suspensão do convênio com a escola, mas até o fechamento desta edição, não obteve resposta.
* Sob supervisão do editor