Ticyana Fonseca
Repórter
ticyana@onorte.net
Quando o coronelismo predominava, a função da mulher era simplesmente arrumar a casa e acompanhar o marido aos encontros sociais. Montes Claros teve figuras femininas marcantes e de personalidade forte.
Alguns coronéis da cidade tinham ao seu lado mulheres que viraram história na cidade, como Luisinha Magalhães Ribeiro, ou como ficou conhecida, Viúva Francisco Ribeiro, que era esposa do coronel Francisco Ribeiro Santos.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam Luisinha não tardou a ser conhecida pelo novo nome, e passou a assinar o nome Viúva Francisco Ribeiro logo após o falecimento do coronel Francisco Ribeiro. Ela gostava de ser reconhecida assim, já que as identidades das mulheres dos coronéis eram muito ligadas ao nome dos maridos.
CORONEL FRANCISCO RIBEIRO
O Coronel Francisco Ribeiro dos Santos idealizou dotar Montes Claros de luz elétrica com a energia do Cedro, fábrica comprada pelo coronel. Foi uma tarefa árdua, uma vez que tudo era difícil, a partir do detalhe de que não existiam estradas para se chegar à fábrica e Montes Claros não passava de uma localidade que ficava isolada no interior de Minas Gerais.
Trecho da Rua Viúva Francisco Ribeiro, que leva
o nome de uma mulher forte e decidida (foto: Wilson Medeiros)
Em 1923, com o falecimento de Francisco Ribeiro, Luisinha ficou responsável por muitos problemas financeiros deixados pelo marido, mesmo sendo de família tradicional. Assim, ela resolveu vender a fabrica do Cedro e sua casa, onde hoje funciona o Colégio Imaculada Conceição.
RELATOS
Mulher de personalidade forte e extremamente caridosa assim era Luisinha Ribeiro, natural de Coração de Jesus.
- Dona Luisinha era muito caridosa. Antes de falecer, doou um terreno para a construção de um orfanato na cidade. Ficou viúva cedo, pois o coronel faleceu com uns 55 anos - relatou Rosalina Pires, que conhece um pouco da historia da Viúva Francisco Ribeiro.
TIA LUISINHA
Com este apelido carinhoso, Luisinha era tratada por seus sobrinhos e pelas crianças que freqüentavam sua casa. Não tinha filhos naturais, e criou uma menina conhecida como Nazinha Coutinho.
- Tia Luisinha era bondosa e caridosa. Tinha uma personalidade forte e não era dessas mulheres fracas que aceitavam tudo. Cresci conhecendo e visitando a Tia Luisinha. Muito religiosa, freqüentava a antiga igreja do Rosário - disse Flora Ribeiro Pires Ramos, filha de Vidinha Pires e Coronel Luis Pires, que era irmão de Francisco Ribeiro Pires.
APARÊNCIA
- Miúda e morena clara. Ela era muito dinâmica. Tia Luisinha era uma excelente dona de casa e quase não saia para as festas na cidade. Procurava sempre estar em casa, que era muito espaçosa. Em sua casa mesmo ela fazia alguns sarais no salão de festa. Os sarais eram muito animados e tinham cantos, danças com muita gente animada. Tinha uma casa muito freqüentada.
LEMBRANÇAS
- Quando me casei, em 1937, ela me deu uma colcha linda para cama, aquilo me deixou assim, muito emocionada, e me senti muito querida por ela. Era ela carinhosa e pedia sempre ao meu pai que nos deixasse ficar na casa dela nos finais de semana. Lembro sempre dela conversando com minha mãe, que era muito amiga dela.
Mulheres de fibra e coragem como a Viúva Francisco Ribeiro fizeram história e ficaram conhecidas.