
As unidades de saúde de Montes Claros têm registrado um surto de alergias causado pela mariposa do gênero Hylesia (pequena borboleta), que pode causar dermatite urticante – pele avermelhada acompanhada de feridas e intensa coceira pelo corpo, capaz de atingir até os olhos. Pelo menos 30 casos foram registrados nas duas últimas semanas.
A Hylesia é diferente de outras da espécie, pois pode causar urtiga tanto na fase larval (lagarta) quanto na adulta (mariposa), sendo responsável por diversos acidentes nos humanos. O biólogo Walter Araújo, especialista em insetos, explica que as fêmeas adultas têm escamas abdominais modificadas em cerdas, usadas para proteger seus ovos da ação de predadores, que, em contato com a pele humana, desencadeiam reações alérgicas. Esse quadro é conhecido como lepidopterismo.
“Outono e inverno são períodos delas (mariposas), pois são épocas do ano em que saem dos casulos para se reproduzirem. Machos e fêmeas saem à noite e são atraídos pela luz das lâmpadas domésticas. As escamas podem se soltar durante o voo ou nos locais em que pousam, como camas e sofás”, explica o biólogo.
Walter Araújo ainda alerta que não se pode matar as mariposas, pois isso desequilibra o ecossistema. O ideal é deixar o mínimo de luz acesa à noite, fechar janelas e, quem for muito sensível, dormir com roupas de manga comprida.
O médico infectologista Mariano Fagundes Neto diz que as lesões aparecem imediatamente após o contato com a mariposa. “Através das características relatadas pelo paciente, podemos diagnosticar urticária causada pela mariposa. O tratamento é tranquilo, à base de histamínico e pomadas. Dura, em média, uma semana”, conta o médico, referência em epidemiologia no município.
O comerciante Júnior Aquino foi uma das vítimas da mariposa. A princípio, ele achou que pudesse ter comido algo que tivesse causado a alergia, mas, ao procurar o médico, veio o diagnóstico.
“Tive o contato com as mariposas em um bar, onde muitas sobrevoavam as lâmpadas. Em casa, fui tomar banho e estava muito vermelho e coçando entre minhas pernas. Depois, a coceira passou para todo o corpo. Fiquei seis dias assim, até o fim do tratamento”, relata.
A dermatologista Leandra Teixeira ressalta que a dermatite causada pela mariposa é diferente de outras alergias, por vir acompanhada de coceira intensa e placas avermelhadas pelo corpo, podendo ocorrer em áreas descobertas, mas também sob as roupas.