Com prontos-socorros fechados, pacientes buscam assistência em hospital municipal a 7 km do Centro
(Vitor Costa)
Com os três maiores hospitais de Montes Claros funcionando em plano de contingência, os pacientes considerados de menor urgência buscam atendimento no pronto-atendimento municipal do Hospital Doutor Alpheu Gonçalves de Quadros, a sete quilômetros do Centro da cidade. Isso faz com que ocorra uma superlotação no local.
O hospital fica no bairro Santo Antônio, próximo à casa da doméstica Maria Aparecida Ramos, que estava há mais de uma hora aguardando na fila da triagem. Como tinha um compromisso, ela desistiu e deixou a consulta para outra ocasião.
“Todas as vezes que preciso de atendimento é um constrangimento diferente. A população pobre é sempre a mais prejudicada. Hoje não posso mais aguardar a consulta porque tenho que trabalhar” desabafa Maria.
O pedreiro Gustavo Gomes reside no bairro Novo Delfino e estava acompanhando o filho em busca de atendimento. Uma das reclamações foi quanto à demora.
“A situação, que já estava precária, tende a ficar pior com os outros hospitais fechados. Estou na porta há quatro horas. Aqui sempre é demorado, não é uma novidade”, diz Gustavo.
Segundo uma funcionária que preferiu não se identificar por medo de retaliação, na última quarta-feira o hospital estava com maior demanda e isso causou demora nos atendimentos.
“Após a repercussão da notícia do fechamento dos prontos-socorros, o hospital ficou lotado o dia todo. Achei que não fôssemos dar conta, mas nenhum paciente que procura a unidade deixa de ser atendido. Como qualquer serviço de saúde público ou privado, a unidade atende prioritariamente casos graves e urgentes, em conformidade com as diretrizes do SUS”, afirmou a servidora.
Em nota, a Prefeitura de Montes Claros informou que está reforçando o pronto-socorro do Alpheu de Quadros, emergencialmente, para atendimentos mais simples. O local não é equipado para os atendimentos de maior complexidade, que só podem ser feitos nos hospitais credenciados.
Alegando superlotação e incapacidade para atender à demanda, os prontos-socorros da Santa Casa e dos hospitais Aroldo Tourinho e Universitário Clemente de Faria só estão admitindo pacientes em risco imediato de morte.