LABORATÓRIO SANTA CLARA FAZ DNA PARA AJUDAR A ESCLARECER HISTÓRIA DO MORTO-VIVO

Jornal O Norte
Publicado em 12/06/2010 às 10:25.Atualizado em 15/11/2021 às 06:30.

Rubens Santana


Repórter


 


A reportagem de O NORTE reuniu, na manhã de sexta-feira, 11, os principais personagens da confusa história do rapaz que vive com documentos de um morto há mais de 22 anos.



Tiago dos Anjos Moreira e sua suposta mãe, Dona Otacília dos Anjos Moreira, se reencontraram. Desta vez, no laboratório Santa Clara, para a coleta de sangue a fim de realizar o exame de DNA, que pode confirmar ou não o parentesco.



Como divulgado no dia 12 do mês passado, a reportagem procurou a direção do laboratório Santa Clara, localizado na Praça Dr. Carlos Versiane, 11, Centro de Montes Claros, para tentar ajudar a esclarecer o caso. Solidarizado com a história, divulgada em O NORTE, do jovem Tiago dos Anjos Moreira, o laboratório se ofereceu para financiar os custos do exame de DNA.



O horário marcado era às 10h. Contudo, antes das 09h15, Dona Otacília, com seu jeito simples, típico de quem mora no interior norte-mineiro, já esperava ansiosamente na frente do laboratório, na companhia da filha Marisa dos Anjos Moreira.



Vagamente, ela lembra do ano de 1988 e conta novamente como tudo aconteceu. Entre uma pausa e outra, ela questiona: o hospital tinha que ter me dado aquela certidão de nascimento. Eles não podiam ter ficado com o documento. É muito triste para uma mãe enterrar um filho e agora não saber quem eu sepultei.



Para Dona Otacília, depois de 22 anos, uma pessoa aparecer com o documento do filho que ela sepultou e registrou o óbito é no mínimo um fato curioso. “Estou ansiosa, mas em estado de choque”, observa.



Thiago chegou ao local pouco antes das 10h. Aflito e com medo de seringa, ele questionava para a recepcionista Aline Ferreira Soares a todo o momento de como seria a coleta e se não iria doer. Nos questionamentos ele era acalmado pela suposta mãe.



- Calma, Thiago. Não vai doer não. Vai ser só uma picadinha, observa.



Depois de explicado de como funcionava o procedimento de coletas pela recepcionista, Dona Otacília e Thiago foram para o serviço de coleta.



A suposta mãe foi a primeira a coletar o sangue. Em seguida, mais calmo, Thiago estendeu o braço para coleta que não demorou 15 segundos.



- É rápido né? Da outra vez que eu tirei a mulher quase arranca minha veia, observa.



A recepcionista informa que em 30 dias o resultado do exame vai está disponível para o suposto filho e suposta mãe.






O CASO



No dia 17 de fevereiro de 1988 Dona Otacília deu entrada no serviço de parto e, por volta das 19h30, o filho nasceu, porém, prematuro de oito meses.  As enfermeiras afirmaram que a criança estava bem, mas precisava ficar no balão de oxigênio.



Devido ao estado de saúde debilitado devido ao parto, Laércio dos Anjos Moreira, um dos filhos de Dona Otacília providenciou a ida de uma responsável pelo cartório de registro civil ao hospital municipal – nome do hospital Aroldo Tourinho naquela data - para registrar a criança. Contudo, ela não soube informar com quem ficou o registro e alguns dias depois teve alta, mas o filho continuou no balão de oxigênio.



Mesmo com as visitas diárias de dona Otacília, o filho não apresentava melhoras e, 20 dias depois do nascimento, na tarde do dia 09 de março de 1988, ela recebe a notícia de que Tiago havia falecido pela manhã. Tiago nasceu prematuro e prematuramente também morreu. Triste com a morte do filho, dona Otacília e os filhos providenciaram um simples funeral e sepultaram a criança no cemitério Bonfim.



No final daquele ano, o fiscal Gentil José Alves Junior, descobriu que uma mulher estava querendo dar uma criança para alguém senão a mataria. A mulher estava com uma bolsa que continha roupas e um registro civil. Curioso, Gentil foi ver quem era a mulher e resolveu adotar a criança.



Com dúvidas quanto à adoção, Gentil José procurou o amigo juiz de paz Valdivino Pereira de Souza, seu Didi, como é conhecido para esclarecer como era o procedimento para adoção. Seu Didi informou que a criança já era cidadã brasileira e que precisaria somente de um lar para crescer com dignidade. O juiz assinou um termo de responsabilidade e Gentil levou a criança.



Passados 22 anos, o pai adotivo de Tiago ao tirar o documento de antecedentes criminais, novamente ficou curioso e resolveu descobrir quem eram os pais biológicos de Thiago. Como Gentil possui um irmão que trabalha na polícia civil, ele pediu ao funcionário que colocasse o nome do pai biológico nos sistema para descobrir algum endereço. Porém, apareceu mais de 100 nomes idênticos. Ao colocar o nome da mãe biológica, apareceu um endereço no Bairro Maracanã e que, Dona Otacília, havia tirado um documento recentemente.  De posse do endereço Gentil procurou os familiares de Thiago e descobriu que o filho havia morrido há mais de 22 anos.


 

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