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Quarta-Feira,27 de Agosto

Justiça condena assassino de Sidney Junio a 28 anos e 8 meses de prisão

Jornal O Norte
Publicado em 24/03/2011 às 09:30.Atualizado em 15/11/2021 às 17:24.

Samuel Nunes


Repórter



Plenário lotado por familiares, amigos estudantes de direito, estagiários, e muita expectativa quanto à sentença final. Depois de quase 13 horas de sessão, Francisco dos Reis Simões, vulgo Chicão, foi condenado a 28 anos e oito meses de prisão pelo assassinato do menino Sidney Junio.



Samuel Nunes


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As pessoas se aglomeraram na porta do fórum antes da sessão



O julgamento, que começou por volta das 9h da manhã de terça-feira só terminou às 22h20. Familiares e amigos comemoraram a sentença lida pelo juiz Antonio de Souza Rosa, que inclui também uma indenização de 150 mil reais aos pais de Sidney por danos morais. Eles preferiram não falar com a imprensa.



Por ser réu primário, Francisco dos Reis Simões deverá cumprir oito anos de prisão até ter direito ao pedido de liberdade. À reportagem, Henry Vasconcelos, promotor de acusação, explicou que, neste contexto, ele cumpre dois quintos da pena. Disse ainda que o Ministério Público trabalhou de forma incessante para a condenação do até então acusado e réu confesso.



A defensora pública Liliane Martins, que fez a defesa de Francisco dos Reis Simões, por este não ter condições financeiras de pagar por um advogado particular, afirma que analisará a possibilidade de recorrer da pena imposta.






O JULGAMENTO



O julgamento iniciado às das 9h da manhã foi marcado por alguns contratempos como, por exemplo, o trabalho da imprensa que ficou prejudicado. Isto porque, foi impedida de fotografar ou filmar a sessão, a não ser, já às 22h, quando um funcionário do fórum se dirigiu aos jornalistas presentes e disse que o juiz Antonio de Souza Rosa autorizou fazer imagens, a distância, de onde se realizava o julgamento. Um jornalista que chegou à sessão e não sabia desta restrição, por pouco, não teve sua máquina fotográfica tomada. Outra restrição foi à família do menino Sidney, que foi obrigada a retirar camisas alusivas pedindo justiça no julgamento.



A seção foi marcada ainda pelos detalhes na descrição de Francisco dos Reis Simões, que contou friamente e de forma detalhada, por diversas vezes, durante o interrogatório, como matou o garoto Sidney.



- Eu arrastei ele pelo braço, ele gritava pelo seu pai. Fiz relação sexual com ele, e fiquei com medo de ele contar para a polícia. Daí, dei dez tijoladas na cabeça dele. Cheguei a machucar meu pulso esquerdo, aí limpei a mão na camisa dele – disse.






LINCHADO



Durante o interrogatório ao juiz Antonio de Souza Rosa, que durou quase duas horas, Francisco agradeceu a Deus por estar preso, uma vez que, de acordo com ele, se estivesse solto, já teria sido linchado pela população pelo crime que cometeu. Acrescentou ainda que “o crime foi absurdo e chocou a população todinha”.



Ao descrever de forma minuciosa de como matou Sidney, a tia do garoto, sentada a poucos metros de onde o assassino era interrogado, chorou copiosamente em várias oportunidades. Ao falar especificamente e de maneira fria de como estuprou o menino, os pais de Sidney não suportaram a emoção e choraram.



Perguntado pelo juiz onde moraria após ao alcançar a liberdade, Chicão disse de forma irônica e desconexa que Montes Claros para ele não existe mais, e que não moraria nesta cidade em virtude do crime que cometeu aqui.



- Vou para uma cidade onde ninguém me conhece, como Salvador, Rio de Janeiro. Ou vou procurar um fazendeiro e arranjar um trabalho.



Com riquezas de detalhes, o assassino foi questionado o que fez para conter o choro do garoto quando estava sendo levado para o matagal. E outra vez, foi calculista e frio:



- Fiquei loroteando ele. Eu falei para ele que não adiantava chorar, pois ia morrer do mesmo jeito, aí ele parou.






DEBATE



Ao iniciar sua explanação no debate, o promotor Henry Vasconcelos classificou o assassino como perverso, perigoso, selvático e guiado por um espírito atávico que significa que já nasceu com extirpe criminosa. Defendeu a tese de que ele não tem problemas mentais.



Já a defensora pública Liliane Martins tentou fazer um defesa na linha de que Francisco dos Reis Simões era parcialmente inimputável (pessoa que será isenta de pena em razão de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado que, ao tempo da ação ou omissão, não era capaz de entender o caráter ilícito do fato por ele praticado ou de determinar-se de acordo com esse entendimento). Tentou excluir as qualificadoras de que o assassino não teria, por exemplo, usado meio cruel para matar o garoto, entretanto, a tentativa de argumentar que o assassino tem transtorno mental e que poderia ter a pena reduzida não logrou êxito.  


 

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