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Incêndios ameaçam abastecimento de água em MOC

Fogo avança na Lapa Grande há mais de 11 dias e especialistas alertam para impactos na região

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 13/10/2025 às 19:14.
Capitão Fonseca do 7º Batalhão destacou os prejuízos à fauna local. “É uma perda muito grande. Temos registros de vários animais carbonizados” (7ºBBM)
Capitão Fonseca do 7º Batalhão destacou os prejuízos à fauna local. “É uma perda muito grande. Temos registros de vários animais carbonizados” (7ºBBM)

Os incêndios continuam a atingir o Parque Estadual da Lapa Grande e outras áreas do Norte de Minas, segundo informações do 7º Batalhão de Bombeiros Militar (7ºBBM) de Montes Claros. Após a queimada registrada em setembro, que destruiu 14 hectares de vegetação, um novo foco de grandes proporções avança pela região, com área considerada muito maior pelos bombeiros.

O capitão Lauro Fonseca, chefe da Sessão de Planejamento do 7º Batalhão, classificou a situação como crítica e alertou para o aumento expressivo tanto no número de ocorrências quanto na extensão das áreas atingidas. “A situação, no geral, está crítica. Este ano, estamos percebendo um aumento muito grande no registro de ocorrências e também na área queimada em todo o Norte de Minas”, afirmou.

Segundo o oficial, alguns focos vêm resistindo há vários dias, como o que atinge o Parque Estadual da Lapa Grande, iniciado em 2 de outubro e que já dura mais de 11 dias. Fonseca também destacou os prejuízos à fauna local. “É uma perda muito grande. Temos registros de vários animais carbonizados. Cada espécie tem sua função no ecossistema, e quando perdemos esses animais, comprometemos o equilíbrio natural”, disse.

Segundo balanço divulgado pelo Corpo de Bombeiros nesta segunda-feira (13), 39 profissionais participam das ações de combate, sendo seis militares, 23 brigadistas do Instituto Estadual de Florestas (IEF), PELG, AMDA e B1, sete policiais militares (quatro do Comando de Aviação e três da TASA), além de dois pilotos de aeronaves Air Tractor e quatro integrantes das equipes de apoio.

No total, estão sendo utilizadas duas viaturas do Corpo de Bombeiros, sete caminhonetes do IEF, quatro caminhões-pipa (três do Air Tractor e um da equipe ZQ) e um trator de esteira. O apoio aéreo também está presente nas operações, com as aeronaves Airtractor PS-SBR, Airtractor PS-LSH e o helicóptero Pegasus 21. Ainda não há estimativa sobre a quantidade de água usada nas ações.

O professor Flávio Pimenta de Figueiredo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), engenheiro agrícola com mestrado e doutorado na área, alertou para os graves impactos do fogo na disponibilidade hídrica de Montes Claros. “A Serra da Lapa Grande faz parte do Parque Estadual da Lapa Grande, que possui cerca de 15 mil hectares dentro do território de Montes Claros. É uma área que abriga diferentes biomas, como Mata Atlântica, Mata Seca e Cerrado. Mais importante ainda é que essa região contribui com 40% da água da nossa cidade”, explicou.

Segundo o professor, o incêndio tem impacto direto sobre os recursos hídricos, destruindo em minutos e levando anos para ser recuperado. “Há uma grande possibilidade de esse incêndio comprometer a disponibilidade hídrica de Montes Claros, o que seria gravíssimo, já que estamos numa região semiárida. Temos um verdadeiro ouro em nosso quintal, e esse ouro é a água. Ela deve ser protegida a qualquer custo”, ressaltou.

Pimenta também chamou a atenção para os efeitos na fauna, na flora e na saúde da população, que sofre com a fumaça e a baixa umidade. “O impacto ambiental será enorme. Além da destruição da vegetação e dos animais, a população está respirando fumaça em um período de baixa umidade. Isso afeta diretamente a qualidade de vida”, destacou.

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