A pandemia de Covid-19 tem gerado insegurança e até mesmo crise no mercado imobiliário. As vendas de imóveis estão paralisadas e o mercado de aluguel, fonte de renda para muitas pessoas, já enfrenta 50% de inadimplência.
Segundo o presidente da Associação de Imobiliárias do Norte de Minas Gerais (Aimob), Rafael Pereira e Santos, o cenário requer atenção e bom senso das cerca de 40 imobiliárias que há em Montes Claros.
Para minimizar os efeitos da pandemia, a associação se reuniu com entidades de classe em busca de soluções. Em conjunto com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Associação Comercial e Industrial (ACI), foi elaborado um documento para ser encaminhado às imobiliárias da cidade, propondo adesão a medidas de negociação que compreendem o período de aluguel com vencimento entre 20 de março e 31 de maio de 2020, podendo ser prorrogado se persistirem os efeitos da pandemia.
Pelo documento, as imobiliárias se comprometem a intermediar, entre locador e locatário, descontos, concessão de parcelamento e prazos de vencimento, além de se empenhar para efetivar o perdão de juros e multas.
“Nossa intenção é manter a inadimplência controlada e estamos trabalhando em tom de conciliação. Com a pandemia, muitas atividades foram paralisadas. Tem locador com condição mais favorável e tem como segurar, outros não têm. Cerca de 70% dos proprietários só têm um imóvel locado, então esta receita é necessária como subsistência ou complemento de renda”, afirma Rafael.
HORA DE NEGOCIAR
Proprietário de uma imobiliária, ele declara que segue na própria empresa as medidas recomendadas por Decreto Municipal, que permite operações internas de geração de boletos e outras situações.
Dos cerca de 45 colaboradores, oito estão em férias, outra parte trabalhando em sistema home office e os demais seguindo os critérios de higienização recomendados pelas autoridades sanitárias. No cenário de incerteza, ele orienta os locadores a não partirem para o litígio.
“Não colocamos margem de negociação porque a imobiliária é contratada pelo locador. Se ele fala que quer a cobrança de juros e multas, temos que cumprir. Mas buscar as vias legais neste momento não é o indicado, porque qualquer decisão só sairá em 2021”, alerta.
“Tenho imóvel alugado e as lojas estão fechadas neste período. Temos que ter compreensão do momento. Vou aguardar o locatário entrar em contato para fazer a negociação. O momento é de aguardar”, afirma o empresário Fernando Deusdará, que diz estar seguindo o isolamento e prefere não fazer previsões.
“Tenho três aluguéis para pagar e estamos buscando negociação, porque no momento estão todos fechados. Vivemos um dia de cada vez”, diz a empresária Naide Antunes, que administra loja de roupas e um bar inaugurado recentemente.
residente da Associação de Imobiliárias do Norte de Minas Gerais (Aimob)
Diálogo é o caminho
O presidente da CDL revela que houve bastante procura de lojistas e associados para que a instituição intercedesse nas negociações. “Houve muito questionamento porque, como são locadores diferentes, então não se conseguiu ainda uma normatização a nível municipal, estadual ou federal. Estamos buscando o caminho do diálogo e sensibilização nessa hora”, diz Ernandes Ferreira, presidente da CDL.
Leornardo Vasconcellos, que assumiu a presidência da ACI já neste cenário, aponta que a situação afetará a saúde das empresas. “A pandemia determinou a diversos setores econômicos a redução substancial das atividades e, em caos extremos, a paralisação. Consequentemente, a queda geral de faturamento. Entendemos que algumas medidas podem ajudar a reduzir o impacto no orçamento e planejamento da classe empresarial”, diz.