Valéria Borborema
Colaboração para O NORTE
Mais de mil pessoas participaram da Missa solene de abertura da Quaresma na Arquidiocese de Montes Claros. Dom José Alberto Moura, de 65 anos, presidiu o ato litúrgico às 7 horas da Quarta-Feira de Cinzas (25), na Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, centro de Montes Claros, onde, além de comandar o tradicional rito das cinzas, lançou a Campanha da Fraternidade 2009, iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que traz como tema Fraternidade e Segurança Pública e lema A paz é fruto da justiça. Concelebrou o pároco, Padre Dorival Souza Barreto Júnior, de 44 anos.
Fiéis participam da missa da Quarta-feira de Cinzas
e do lançamento da CF (foto: DIVULGAÇÃO)
Na homilia, Dom José Alberto lembrou que os próximos 40 dias são um tempo propício para a conversão. “Se Deus olhasse os nossos pecados estaríamos perdidos”, daí a necessidade de “manifestarmos a Ele a nossa vontade de lutar contra o mal, apesar da nossa fragilidade humana”, pontuou. O líder religioso explicou que, com a imposição das cinzas, a Igreja convida os fiéis ao recolhimento, mediante práticas típicas do período como jejum, oração, esmola, caridade, confissão e reuniões em família, a título de preparação para a Páscoa – ressurreição de Jesus –, a maior festa da cristandade. Diante de um mundo tão violento, nós nos recolhemos para meditar a Palavra de Deus”, alertou ao esclarecer que “as cinzas nos recordam que somos seres limitados e que temos na Terra um momento forte, embora sejamos pó. Insignificância que, no entanto, se assumida em Deus, transforma-se em salvação, completou, numa alusão a trecho das cartas de São Paulo aos Coríntios, quando o apóstolo dos gentios ensina que a fraqueza advinda do abandono da pessoa em Deus torna-se fortaleza.
O Arcebispo de Montes Claros também fez questão de ressaltar a importância do assunto que a Campanha da Fraternidade – realizada há 45 anos pela CNBB – aborda em 2009. — Todos queremos segurança. Vejam vocês os muros altos, as cercas elétricas cujo objetivo é a proteção das casas e dos que ali residem. Mas há ainda a violência do “colarinho branco” (crimes cometidos por gente endinheirada que, não raro, escapam da punição justamente devido à posição de destaque na sociedade), do trânsito, do aborto, aos idosos... “grande é a violência moral e psicológica que atinge a sociedade atual”, advertiu Dom José Alberto, que reconheceu a urgência de as esferas municipal, estadual e federal de governo elaborarem políticas públicas visando à redução da violência. Frisou, porém, que de nada valerá o esforço se a população não fizer a sua parte e começar a construir uma realidade alicerçada “em famílias saudáveis”. Afinal, “Jesus nos coloca na condição de seus embaixadores, que transcendem a mera faixada exterior para alcançarem a vivência do amor de Deus, pelo testemunho”, sublinhou para concluir que “é assim que nos adequamos à justiça de Deus”.