Escorpiões à vista

HU Clemente de Faria tem aumento nos atendimentos por picadas

Período do calor é quando escorpiões estão mais ativos procurando alimento e abrigo

Leonardo Queiroz
25/11/2022 às 21:38.
Atualizado em 29/11/2022 às 14:39
 (GILBERTO RAMALHO)

(GILBERTO RAMALHO)

O Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF) registrou aumento no número de atendimentos por picadas de escorpião este ano em Montes Claros. Entre janeiro e outubro foram 1.961 casos, contra 1.937 no mesmo período em 2021 ( 1,23% a mais), entre idosos, crianças, jovens e adultos. 

O fato de o Norte de Minas possuir um clima quente e com o aumento das temperaturas e também a proximidade com o verão, a região se torna propicia à proliferação de escorpiões. Eles gostam de locais escuros, madeiras e entulhos e se alojam em pequenos locais tanto em casa como em quintais. 

O médico pediatra Carlos Lopo, que trabalha na unidade, explica que de acordo com dados da Vigilância Sanitária os acidentes com escorpiões representam aproximadamente 50% dos registrados com animais peçonhentos. Por esse motivo e com as notificações existentes, acabam sendo um dos maiores responsáveis pela taxa de mortalidade. 

“É necessária uma maior atenção pelo risco elevado de morte que temos. E assim que a pessoa é envenenada é necessário avaliar alguns sinais de gravidade, onde o veneno do escorpião costuma ser mais tóxico para os nervos (neurotóxico) e dessa maneira vamos ter o comprometimento da parte neurológica como controle da freqüência cardíaca, da pressão dentro dos vasos e isso gera repercussão neurológica com sonolência e vômitos. E uma vez acidentada a pessoa precisa procurar rápido atendimento de urgência para avaliação e medidas”, explica. 

Há uma classificação das pessoas quando são envenenadas por escorpião, entre leve, moderada ou grave, onde a leve não é necessária a aplicação do soro e essa pessoa recebe apenas analgesia, anestésico local e acompanhamento por 6 horas para avaliar se houve evolução. No caso de não evolução, é liberada sem muita conduta. 

O médico explica que independentemente da classificação há um fator de risco que deve ser observado. 

“É preciso ficar atento aos extremos de idade. A criança tem um fator de risco importante em relação ao peso. Quanto menor o peso, menor a quantidade de veneno para ter uma resposta grave com ela. E o idoso, por causa das várias doenças que já possui, onde o veneno altera essas comorbidades e ainda há o metabolismo lento, que depura em menor quantidade esse veneno. Em resumo, em idosos e crianças a atenção é maior por causa desses motivos”, acrescenta o médico. 

De acordo com o Centro de Controle de Zoonoses de Montes Claros (CCZ), os bairros de maior número de notificações por acidentes com escorpiões são Maracanã, Santos Reis, Cintra, Alto São João, Independência, Jardim Eldorado, Major Prates, Vila Atlântida, Novo Delfino e Chiquinho Guimarães. 

Em caso de presença de escorpiões, ligue para 2221-4400 ou 2211-4361.

‘Matava uns dez por dia’

A dona de casa Maria de Fátima de 58 anos conta o sufoco que passou com escorpiões. “Eu matava, no mínimo, uns 10 escorpiões por dia. A maioria eram pequenos. Descobri que estavam se proliferaram embaixo de uma geladeira na parte externa da casa. Foi preciso dedetizar e mudar tudo de lugar. Demorou para que o remédio fizesse efeito. Ficamos um bom tempo observando os filhotes aparecerem mortos em todos os cantos da casa. Não fomos picados, mas a cachorra foi envenenada e chegou quase morta no veterinário que aplicou o soro e reverteu a situação. O calor voltando já ficamos assustados e tomando todo cuidado para não deixar acontecer de novo”, diz. 

O médico ainda acrescenta que quando conseguimos entender o ciclo de reprodução de uma espécie, conseguimos entender pontos que são fáceis de intervir como locais mais escuros e úmidos onde os escorpiões preferem se alocar. 

“Quando procuramos em entulhos, lixo e acumulo de sujeira há grandes chances de ter uma ninhada nesses locais, justamente porque o alimento deles são baratas, moscas e diversos artrópodes de lixo. Por isso, é necessária uma limpeza, recolher o lixo, não juntar entulho e ficar atento aos ralos onde a movimentação maior se dá pelo esgoto sendo assim colocar telas e ralos em pias e demais locais que dão acesso à casa e a atenção nesse caso será sempre o melhor remédio”. 

“O período do calor é quando os escorpiões estão mais ativos procurando alimento e abrigo e hoje o aparecimento não está somente ligado a lotes vagos, terrenos ou entulhos, mas percebe-se uma maior dispersão através da tubulação do esgoto através de ralos, pia da cozinha, tanque e até mesmo na mangueira de descarte de água da máquina de lavar roupas”, conclui o médico. 

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