O Posto de Leite Humano do Hospital Universitário Clemente de Faria (HU) não consegue ampliar a coleta do produto e ajudar ainda mais recém-nascidos porque precisa de um freezer para armazenar o material. Atualmente, o Brasil possui a maior rede de banco de leite do mundo, com 225 bancos e 217 postos de coleta, dentre eles o do HU que, no ano passado, recolheu 536 litros do alimento que beneficiaram 214 recém-nascidos.
Somente de janeiro a maio daquele ano foram coletados 202 litros, volume que já aumentou neste ano para 206 litros, no mesmo período, atendendo a 49 recém-nascidos prematuros.
A quantidade de crianças beneficiadas poderia ser maior, mas o hospital não está podendo nem mesmo fazer campanha para aumentar as doações porque não tem onde armazená-las, conta o gerente de Enfermagem da Maternidade do HU, Márcio Alckmin.
“Por isso estamos precisando de uma doação especial, que é de um congelador, Mod. VF55F da Metalfrio, de 539 litros, com potência de 33 W, 60 Hz e tensão 127V, porque precisamos estocar para doar”, afirma.
IMPORTÂNCIA
O aleitamento materno é fundamental para reduzir a mortalidade infantil. Segundo o Ministério da Saúde, é possível diminuir em até 13% os índices de mortes de crianças menores de 5 anos com essa prática. Mas, se não houver a doação do leite materno, 30 crianças atendidas nos leitos de UTI neonatal em Montes Claros ficariam sem o benefício. O produto recebido pelo HU é usado na própria instituição e também na Santa Casa e no Hospital das Clínicas Dr. Mário Ribeiro da Silveira (HC).
“Temos hoje as UTIs neonatais, lotadas, tanto no HU, na Santa Casa e no Hospital das Clínicas Dr. Mário Ribeiro da Silveira. O ideal é que esses recém-nascidos prematuros recebam como alimentação o leite materno. Porque é próprio para eles, não vai existir nenhum risco para essas crianças receberem este alimento”, afirma Márcio.
O leite materno, segundo o enfermeiro, é rico em proteínas, principalmente o do final da mamada. O que sai no início da mamada é mais rico em água, serve para hidratar o bebê, explica Márcio. Um recém-nascido de baixo peso e bem debilitado precisa de um leite de final de mamada, por ser rico em proteína e gordura. Uma criança toma, em média, de 20 a 30 ml a cada três horas.
DOADORAS
Quem doa e se sente muito bem em fazer isso é Phamela Francinny Cardoso Rocha, mãe da Ana Flor, de apenas dois meses. “Comecei a doar ainda no hospital, depois do parto. É algo que tenho de forma natural, gratuita, que não vai fazer falta pra minha filha, então, por que não doar? Por que não ajudar uma criança que está precisando, que está internada, que é prematura? Se eu posso ajudar, agradeço a Deus por me dar esta oportunidade”, destaca.
Ela garante às mães que estão em dúvida se devem doar ou não, que não faz mal, pelo contrário. “É tudo tão perfeito que quanto mais eu dou, mais o meu corpo produz. Então, não falta para minha filha e ainda dá para ajudar. E na hora da doação, é como amamentar o próprio filho. Doem, a sensação de fazer o bem é muito boa. Saber que está ajudando outra criança é gratificante”, ressalta.