Pagamento de impostos, gastos com festas no Natal e Réveillon e com as viagens de férias pesam no orçamento de milhões de brasileiros neste mês, independentemente da classe econômica. E para quem tem filhos, o pacote é ainda maior com a compra do material escolar. Para garantir preços menos salgados, a dica dos especialistas dos órgãos de defesa do consumidor e dos lojistas é para que os pais não deixem as compras para última hora. E a velha receita de pesquisar preços continua valendo.
A reportagem de O NORTE comprovou, por meio de pesquisa, a importância de comparar preços antes de ir às compras. Um caderno de 96 folhas tipo ata, capa dura, em uma papelaria custa R$ 15,90; em outra, o mesmo caderno é vendido a R$ 12,90 e, na terceira, a R$ 19,90.
Se os pais forem comprar sete cadernos para o filho, na primeira papelaria o custo seria de R$ 111,30; na segunda, de R$ 90,30 e na terceira, R$ 139,30. Ou seja, uma diferença de R$ 49 entre a segunda e a terceira papelarias.
De acordo com o presidente do Procon, Alexandre Braga, está sendo realizada uma pesquisa de preço que será divulgada até o próximo fim de semana. Segundo ele, uma orientação importante é sobre o material de uso coletivo, que não pode ser solicitado na lista escolar.
“A lei regulamenta que o material de uso escolar deve ser arcado no valor da mensalidade. Uma vez que esse material está incluído na lista de material escolar, o valor é pago com duplicidade”, disse.
Dono de uma papelaria no centro de Montes Claros, Carlos Mota confirma a importância da antecedência nas compras para garantir preços mais suaves.
“Temos estoques e os preços se mantêm os mesmos do ano passado, porém pode haver oscilação se precisar comprar produtos de última hora nos atacadistas, porque os mesmos marcam o lucro dele, e o comércio tem que superar”, diz.
COLEÇÃO NOVA
Joelton Dias, outro dono de papelaria, também alerta para o risco de onerar mais o orçamento se deixar as compras para depois. Os preços podem aumentar porque chega uma coleção nova na próxima semana”.
Ivanete Ferreira, mãe de duas crianças, é uma das consumidoras que antecipou a ida às lojas e já garantiu o material da filha. “Perto de voltar às aulas, os objetos ficam mais caros, além disso, encontrar mais variedades de itens fica difícil”, relata Ivanete, que diz ter feito comparação dos preços em relação a 2018. Segundo ela, os produtos que comprou estavam mais baratos que no ano passado.
A professora Solange Santos Souza conta que também sempre compra o material escolar da filha com antecedência. “Gosto de adiantar bem as minhas coisas e me organizar, e no material escolar não é diferente. Como eu tenho uma menina, gosto de ter mais variedades, os objetos mais bonitos, tem mais personagens, porque depois posso não achar, e se vier com antecedência, tem mais chances”, atesta.
Sobre os valores, Solange acredita que não está muito diferente do ano passado. “Eu não vejo muita diferença nos valores não, compro antes é para me programar mesmo”, ressalta a professora.
Comerciantes inovam e esperam boas vendas
O movimento de consumidores diverge nos estabelecimentos que vendem material escolar. Proprietário de uma papelaria no Centro de Montes Claros, Carlos Mota diz que a demanda ainda está pequena. “Há pessoas que não receberam o 13º, mas a expectativa é a de que até o fim do mês as vendas aumentem. Esperamos que supere as do ano passado, pois todo ano tem um aumento de produtos exigidos. É inevitável a pessoa não comprar na papelaria e, com isso, aumenta sim a procura”.
Joelton Dias, dono de outro estabelecimento, diz que ainda não há um número grande de procura. “O pessoal está vindo do feriado de Ano Novo”, diz, mas a loja já começa a ficar pronta para receber o público, que acredita ser maior depois do dia 15 de janeiro.
“Nós aguardamos um aumento nas vendas”, afirma Joelton, que ainda alerta para as pessoas sempre pesquisarem. “Dinheiro está muito difícil, então é importante buscar um local onde o preço está mais em conta, com descontos, condições de pagamento”, diz.
KITS POR ESCOLA
Em uma rede de papelarias da cidade, o movimento começou desde a segunda quinzena de dezembro. Para o gerente geral de operações, Marlon Colen, resultado de as pessoas aproveitarem o 13º para garantir o material e também a preparação da loja para esse período, o que faz toda diferença.
“Não é ainda o volume do “volta às aulas”, mas já sentimos essa antecipação. A expectativa é superar em 20% os meses de janeiro e fevereiro”.
Além disso, neste ano a rede resolveu inovar e levar mais conforto para os clientes, com vendas e orçamentos do material por meio de WhatsApp e entrega em domicílio.
Além disso, foram montados kits com os materiais de papelaria prontos, seguindo a lista de cada escola, com a identificação da turma. Os pais já compram com tudo pronto, sem precisar ficar pegando um objeto de cada vez.
Segundo Marlon, todos os anos a rede aumenta o número de funcionários para atender a demanda. Nesse ano, o aumento foi em média 10%.