A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) apresentou, nesta sexta-feira (5), em Montes Claros, os detalhes da investigação que resultou na prisão em flagrante de um homem de 45 anos, acusado de feminicídio em Bocaiúva, no dia 20 de agosto. A vítima, de 27 anos, mãe de três filhos, foi atingida por um disparo no rosto e morreu no dia seguinte, na Santa Casa de Montes Claros.

Segundo o delegado Theles Bustorff, o homem foi indiciado por feminicídio majorado, além de porte ilegal de arma de fogo. O crime foi motivado pela recusa da vítima em manter o relacionamento. “Ele não aceitava o fim da relação e a perseguia. Temos informações de que chegou a ir até São Paulo, onde ela trabalhava, causando sua demissão. Era uma perseguição constante, caracterizando violência doméstica e familiar”, afirmou.

As investigações apontam que o acusado tentou retirar a vítima à força de casa em Montes Claros, no dia 18 de agosto, sem sucesso. No dia seguinte, a jovem viajou a Bocaiúva, onde foi localizada após ser ameaçada por telefone. “Ele dizia que tinha um pacto com o demônio e que precisava tirar o sangue da vítima. Para proteger os filhos e familiares, ela acabou revelando sua localização”, explicou Bustorff.

O homem encontrou a vítima na casa de um conhecido e a levou à força para uma fazenda na zona rural. Durante o trajeto, ela foi agredida e tentou fugir, mas acabou alcançada. “Já próximo à casa, ele sacou um revólver calibre 38. A vítima tentou desarmá-lo, mas ele efetuou um disparo encostado, causando as lesões terríveis no rosto da vítima que levaram à morte”, disse o delegado.

O crime foi confirmado pelo depoimento de um amigo do autor, que acreditava estar acompanhando-o para conseguir um emprego. “Esse amigo foi quem obrigou o investigado a levar a vítima ao hospital e a carregou nos braços até o atendimento médico”, relatou Bustorff.

O suspeito, que possui extensa ficha criminal por crimes como roubo, tráfico de drogas, homicídio e extorsão, havia deixado o sistema prisional recentemente. Após o feminicídio, tentou se esconder na fazenda, onde ocultou drogas e armas, mas foi localizado.

Bustorff destacou que a vítima nunca registrou boletins de ocorrência nem solicitou medida protetiva. “Infelizmente, ela não registrou ocorrência nem pediu medida protetiva. Esse instrumento é fundamental, porque, ao descumprir, o autor pode ser preso imediatamente”, pontuou.

O inquérito foi concluído e encaminhado à Justiça. O acusado está preso preventivamente em Bocaiúva e deverá ser levado a júri popular.