Samuel Nunes
Repórter
A procuradoria regional do Trabalho pretende extinguir a Guarda Mirim em Montes Claros sob alegação que a entidade não orienta os jovens a estudar e por entender que os menores vêm sendo explorados pela classe empresarial.
- Uma das medidas que tomamos regularmente é exigir o boletim escolar do menor. A justificativa da procuradoria não faz nenhum sentido - rebate a delegada aposentada Maria Neuza Rodrigues, presidente da Guarda Mirim.
(foto: XU MEDEIROS)
Em 16 anos a Guarda Mirim já preparou mais de 800 jovens
com noções de cidadania e de trabalho
Ela afirma ainda que não entender os motivos que levariam a Procuradoria regional do Trabalho a extinguir uma entidade que tem formado o caráter de inúmeros jovens que hoje já despontam em várias profissões como médicos, advogados e dentistas.
- Por aqui já passaram jovens que se formaram profissionais em determinadas faculdades, que continuam estudando fazendo, por exemplo, pós-graduação, ou seja, aperfeiçoando ainda mais os conhecimentos. Uma das nossas exigências para o menor ingressar na guarda é a garantia de que ele estuda - diz.
ADAPTAÇÕES
Maria Neuza Rodrigues revela que a entidade está com seu programa de aprendizagem para a formação do adolescente aprendiz da Guarda Mirim registrado no ministério do Trabalho e Emprego, por meio da portaria 615/2007, o que caracteriza que a entidade está totalmente legalizada.
- O ministério do Trabalho exigiu que fossem feitas algumas adaptações e uma delas é que o menor tenha 400 horas de aula prática e outras 400 horas envolvendo a parte teórica. Assim o fizemos. Procuramos seguir todas as determinações - argumenta.
Maria Neuza Rodrigues frisa que se a medida da Procuradoria regional do Trabalho for concretizada, indica que o órgão não tem noção das conseqüências que isso acarretaria para inúmeras famílias que residem em bairros da periferia da cidade.
- Os menores estão apreensivos. Por iniciativa deles aconteceu, na última terça-feira, uma passeata pelas principais ruas do centro da cidade com o objetivo de chamar a atenção da sociedade quanto a esse momento delicado que a Guarda Mirim enfrenta - salienta.
SERVIÇO SOCIAL
A delegada aposentada destaca os mais de 800 jovens que passaram pela entidade e que conseguiram espaço no mercado de trabalho. Diz que a entidade conta com 74 jovens que recebem ensinamentos sobre religião, moral e cívica, família e escola.
- Esta é uma instituição que tem conseguido entregar para a sociedade os jovens conscientes de suas atribuições. Com orgulho e com senso de missão cumprida não podemos deixar que um trabalho que tem rendido frutos ao longo dos últimos 16 anos venha a ser extinto - finaliza.
O NORTE tentou contato com a Procuradoria regional do Trabalho para se pronunciar sobre este assunto. Entretanto, até o fechamento desta edição não obteve êxito.