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Domingo,28 de Dezembro

Grupo manifesta contra transposição do Rio São Francisco

Jornal O Norte
Publicado em 07/12/2007 às 10:39.Atualizado em 15/11/2021 às 08:25.

Fabíola Cangussu


Repórter


onorte@onorte.net



Na manhã desta sexta-feira, na praça Dr. Carlos, Montes Claros, mais uma vez, o grupo pela Articulação popular em defesa do rio São Francisco realiza manifestação contra a transposição, promovendo debates e abaixo assinado.



Alexandre Gonçalves, membro da Comissão pastoral da terra, e um dos responsáveis pela articulação popular, disse que o movimento pró-rio tem o objetivo de esclarecer a população sobre o que é a transposição e quais as conseqüências para a natureza e conseqüentemente para o homem.



Segundo Alexandre, o projeto de transposição não resolve o problema da população. As pessoas que estão sem água, continuarão, pois os beneficiários serão as regiões que já possuem açudes, intensificando o que já existe.



A articulação popular afirma que o projeto apresenta muitas falhas, entre elas, não prever distribuição da água para todas as famílias das regiões por onde passará a canalização.



- Existem cerca de 530 obras idealizada pela ANA- Agencia Nacional das Águas, que se forem implantadas abasteceriam uma média de 32 milhões de pessoas da área urbana, a um custo de 3.3 bilhões, sendo que o número de pessoas beneficiadas com a  transposição, divulgado pelo TCU - Tribunal de Contas da União é de  3,4 milhões - informa Alexandre.



A ASA- Articulação do Semi-árido  possui  estratégias técnicas  de convivência com o semi-árido para armazenar, captar, fazer barragens subterrâneas e ajudar o homem do campo. Ao todo são 140 formas de levar água ao sertão, que segundo dados divulgados pelo governo e instituições, ficam muito mais barato que a transposição.



Caso a transposição ocorra, a Articulação popular informa, que apenas 4% da água do Rio São Francisco chegará a população do sertão. O agro-negócio receberá 70% e 26%, e serão utilizadas nas regiões urbanas e nas indústrias.



O QUE É A TRANSPOSIÇÃO



Segundo o governo: Esse projeto tem como objetivo garantir água às populações dessa região, e também o desenvolvimento agrícola, comercial e industrial.



O rio São Francisco é um dos maiores do mundo, com  extensão de 2.700 quilômetros. Nasce na região Sudeste, cruza a Centro-Oeste e até litoral do Nordeste. Rio da Integração Nacional e é chamado carinhosamente de “Velho Chico”.



Ao longo de sua extensão, o São Francisco recebe a água de 168 rios afluentes, dos quais 90 são perenes, ou seja, permanentes e os 78 restantes podem secar em períodos de estio.



Seu fluxo é interrompido por duas barragens para geração de eletricidade, a de Sobradinho, que garante a fluência do rio mesmo no período da seca, e a represa de Itaparica, ambas na divisa entre a Bahia e Pernambuco.



Atualmente, 95% das águas do rio desembocam no mar e apenas 5% são usadas pelas populações beneficiadas, em cidades ou na irrigação. Basicamente, o governo pretende aumentar o uso da água para benefício da população.



O projeto prevê retirar água nas duas represas e levar essa água para duas outras bacias de rios menores, mas também importantes: a do rio Paraíba (a leste) e a dos rios Jaguaribe, Apodi e Piranhas-Açu (ao norte).



O projeto basicamente trata-se da construção de dois imensos canais de ligação do São Francisco com as bacias menores e seus açudes e, depois, a construção de futuras adutoras (por canos).



O ministério da Integração Nacional, que cuida do projeto, diz que sua revisão e detalhamento foi mais cuidadosa, o que garantirá resultados melhores, e que o volume de água a ser usado é inferior a 1% do que o rio despeja no mar.

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