Anny Muriel
Repórter
Dando sequência à proposta de O NORTE de acompanhar de perto a situação das casas de saúde de Montes Claros, a reportagem esteve, na manhã de quarta-feira, 1º, no hospital Alpheu de Quadros. Foi possível constatar de perto a superlotação e a insatisfação dos usuários.
A dona-de-casa Cinara Maria Gomes, moradora do Bairro Delfino Magalhães, afirma que, desde domingo, procura por atendimento no local para sua neta Maria Eduarda, que tem tido constantes desmaios. Na quarta-feira, a avó, desesperada, chegou às 6h da manhã e até as 10h não havia sido atendida, devido ao grande número de pessoas no hospital.
(XU MEDEIROS)
A dona-de-casa Cinara Gomes está indignada com o caos da saúde em Montes Claros.
- Não tem lógica o caos da saúde que está na cidade. Há três dias estou aguardando atendimento e eles sempre falam a mesma coisa: que tem que ter calma, porque os médicos estão vindo de outras cidades e alguns estão de férias. Quem fica desesperado é a gente, que não sabe mais a que hospital recorrer - desabafa Cínara Maria.
De acordo com o diretor geral do hospital Apheu de Quadros, Rodrigo Passos, por causa do feriado, muitos médicos realmente se ausentam da cidade e os que permanecem aqui já foram solicitados.
- A greve do hospital universitário teve como reflexos esta aglomeração e o aumento da demanda de pacientes aqui no Alpheu de Quadros. Mas, já aumentamos o número de médicos para atender melhor a população - afirmou o diretor.
Segundo Rodrigo, o hospital já solicitou profissionais para trabalhar durante 24 horas para que a população não fique prejudicada.
Pela manhã, três profissionais atendiam no hospital, dois clínicos e um pediatra. À tarde, o diretor informou que também estariam disponíveis dois clínicos e um pediatra para agilizar o atendimento. Passos afirmou ainda que todos os pacientes que estavam à espera de atendimento foram medicados.
Em nota, o hospital informa que atenderá normalmente 24 horas no feriado da Semana Santa, inclusive com reforço na escala de clínicos e pediatras.
ATENDIMENTO DO SAMU-192
Quanto ao atendimento no Samu 192 - Serviço de atendimento médico de urgência, de 0h às 10h de quarta-feira, foram feitas 60 ocorrências. De acordo com o coordenador e médico do Samu Enius Freire Versiane, o atendimento está tranquilo, uma vez que o hospital universitário informou a todas as entidades médicas sobre a greve. Desta forma, são encaminhados para o HU somente os pacientes de referência, haja vista que um terço dos profissionais do hospital estão dando suporte para o atendimento médico.
- Muitas vezes, o tumulto no hospital Alpheu de Quadros acontece porque os pacientes não procuram primeiro a unidade básica de saúde, o posto localizado no bairro, que é o correto. Eles acabam se deslocando diretamente para o hospital. Às vezes não se trata de um caso de emergência e poderia até ser resolvido no posto - diz o coordenador.
Segundo Enius Versiane, o Samu prioriza os atendimentos de urgência e emergência, como acidentes, doenças cardiorrespiratórias, urgências obstétricas e pediátricas, dentre outras.
O serviço de atendimento médico de urgência conta com 600 funcionários na macrorregião. Em Montes Claros, a unidade dispõe de cinco ambulâncias de suporte básico e duas de suporte avançado, além de uma equipe de 150 profissionais.
Mensalmente, são encaminhados, em média, 250 pacientes de referência para o hospital Aroldo Tourinho, 260 para a Santa Casa e 175 para o hospital universitário.
No início da semana, o Samu macronorte teve os cabos de cobre roubados, o que causou a interrupção no atendimento da linha 192 na segunda-feira de 3h da manhã ás 9h. Na terça-feira, o atendimento ficou interrompido de 13h às 22h. Mas, o problema já foi solucionado e a linha está funcionando normalmente com estrutura e equipe prontas para atendimento de urgência e emergência.