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Quarta-Feira,20 de Agosto

GERAIZEIROS REALIZAM ROMARIA RUMO AO AREIÃO

Jornal O Norte
Publicado em 01/06/2010 às 08:45.Atualizado em 15/11/2021 às 06:30.

Andréa Froes e Délio Pinheiro


Colaboração para O NORTE



Representantes do Movimento Pequizeirão promovem amanhã, quarta-feira, a romaria Rumo ao Areião, cujo propósito é criar duas reservas extrativistas geraizeiras (Resex) no Norte de Minas: Areião Vale do Guará, nos municípios de Rio Pardo de Minas, Montezuma e Vargem Grande do Rio Pardo; e Resex Tamanduá, em Riacho dos Machados. A área total a ser preservada está estimada em 47 mil hectares.



Para Carlos Dayrell, do CAA-NM - Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, uma das instituições participantes do processo de mobilização na região, a proposta de criação é uma demanda das comunidades geraizeiras e visa garantir a proteção e o uso de alguns dos últimos remanescentes de cerrados que ainda continuam relativamente preservados.



- O CAA assessora as comunidades geraizeiras do Alto Rio Pardo na retomada e proteção de seus territórios tradicionais que foram e continuam sendo extremamente impactados pela monocultura do eucalipto” - diz Dayrell.



Eliseu José de Oliveira, coordenador do Movimento articulado dos



sindicatos dos trabalhadores rurais do Alto Rio Pardo (Mastro), argumenta que a romaria surgiu como uma forma de celebrar a importância da área para as comunidades que ali vivem. E também como uma forma de ampliar a mobilização e a sensibilização da sociedade sobre a importância da proteção da área.



Durante todo o dia estão previstas inúmeras atividades. A concentração será às 08h, na comunidade de Água Boa; às 10h, lançamento da pedra fundamental do Santuário São Francisco das reservas extrativistas (Resex) do Areião e Vale do Guará, seguida de homenagem ao ex-funcionário do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Julio Cesar Duarte, que foi um dos responsáveis pelos estudos técnicos promovidas na região e faleceu em 2007; às 14h será desenvolvida mesa redonda com integrantes do Movimento Pequizeirão, dos executivos municipais envolvidos, da promotoria de justiça de defesa do Rio São Francisco/Sub-bacia do Rio Verde Grande, da Embrapa Cerrados, da UFMG, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), Ibama, Instituto Estadual de Florestas (IEF), Mastro, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Rede Cerrado - Comissão Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais. No encerramento, às 16h, será celebrada missa.



O ICMBIO já realizou levantamento parcial das famílias do entorno e o levantamento fundiário está em desenvolvimento. O percurso é de 12 quilômetros ao todo Uma das precursoras de todo o processo é a agricultora Lúcia de Água Boa. Há informações de que a militante pela criação da área de preservação quase desistiu da luta. Mas sua crença a ajudou a prosseguir. Num dia de grande revolta pelas dificuldades encontradas, ela abriu a bíblia e leu: “Ao lado do território de Judá, ficará a terra separada para uso especial. De Norte a Sul, terá doze quilômetros e meio de largura e de Leste a Oeste terá o mesmo comprimento dos territórios dados às tribos. O templo ficará nessa área. Ezequiel 48 - 8”.



A partir de então, a luta foi reiniciada e hoje são desenvolvidas inúmeras atividades cujo foco principal é a criação das Resex. Atualmente, várias mobilizações estão em curso pela criação das reservas.



Resex são áreas destinadas à exploração auto-sustentável e conservação dos recursos naturais renováveis, por população extrativista. As Resex fazem parte do Sistema nacional de unidades de conservação e são regulamentadas pelo decreto nº 98.897, de 30/01/90.



Para que são criadas?



* Garantir a terra às famílias que ali moram;



* Permitir que as famílias continuem vivendo das atividades econômicas que tradicionalmente executam;



* Conservar os recursos naturais mediante a sua exploração sustentável, isto é, permitindo que os mesmos continuem disponíveis para as futuras gerações;



* Organizar os moradores e capacitá-los para que, mediante o fortalecimento do associativismo, administrem a área, obedecendo a um plano de utilização feito por eles mesmos e aprovado pelo Ibama;



* Implantar alternativas de renda que contribuam para a melhoria das condições de vida das famílias.

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