Ticyana Fonseca
Repórter
ticyana@onorte.net
Funciona todo domingo, das 7 às 14h uma feirinha organizada pela Associação dos feirantes da Divina Providência em frente ao cemitério. Na feirinha, o visitante encontra desde culinária até artesanato, aprecia música com bandas ao vivo e a apresentação de dançarinos. A feirinha funciona há quatro meses e três semanas, com 115 feirantes trabalhando no local.
Feirinha em frente ao cemitério tem dançarinos, arroz com pequi e muito respeito aos mortos e muita gente animada
(fotos: Wilson Medeiros)
Quando a feira começou era para ser provisória, enquanto o espaço no Parque das Mangueiras fosse preparado para os feirantes. Mas, hoje, 40 % dos feirantes não querem sair do espaço em frente ao cemitério.
O que muitos questionam é como as pessoas podem comer enquanto o cemitério está logo ao lado. A reportagem de O Norte esteve no local e conferiu que as pessoas que freqüentam a feira não se importam muito com esse detalhe. A feirinha está sempre movimentada mesmo nesse dias de muita chuva.
RESPEITO
Segundo o coordenador, Robson Roger existe, sim, o respeito dos feirantes quando ocorrem os enterros durante as edições da feirinha.
- Quando tem enterro nós desligamos o som. Mesmo quando o enterro passa na avenida do outro lado, pedimos para desligar o som. Tudo isso em respeito às pessoas enterradas e aos seus familiares. Ninguém nunca reclamou de nada na feirinha ou do barulho.
Ele explica que todas as pessoas que trabalham no local são voluntárias.
- Segundo a prefeitura, nossa feira é a 2ª melhor em movimento na cidade e isso mesmo sem nenhuma infra-estrutura, já que estamos começando. Temos o aval da prefeitura e da secretaria de Indústria e Comercio. Somos nós que pagamos luz, som, tudo que usamos. A prefeitura só nos cedeu o espaço e as barracas. Isso aqui só acontece por causa da coragem dos feirantes. Estamos gerando emprego, renda, a maioria das pessoas que trabalham aqui é feita de idosos - conta Robson.
LUGAR POLÊMICO
- Estou aqui desde o principio. Acompanhei toda a evolução da feirinha. Esta feirinha foi tudo de bom para o nosso bairro. Tem gente que ainda tem este preconceito formado de não querer comer em frente ao cemitério, já do outro lado tem as pessoas que querem nossa permanência aqui - relatou a feirante Leila Alves.
- Vamos fazer o teste e ficar algumas semanas na área em frente ao parque. O engraçado que, antes, o local em frente ao cemitério era provisório e lá permanente, hoje as pessoas não querem ir para lá. Na outra área reservada não vai ter todo junto assim, como é aqui. As pessoas vão ficar separadas por alas. Vai ser cada um por si - completou Robson.
- Acho uma falta de respeito, a feirinha funcionar em frente ao cemitério. É difícil comer, divertir, enquanto tem gente sendo enterrada. Penso que é uma falta de respeito com os mortos. Tem quem gosta de ir, mas eu não vou à feirinha, menos ainda pra comer - relatou Wenderson Gomes, uma das pessoas que a reportagem ouviu e que, mesmo morando próximo à feirinha preferem não freqüentar o local.
OPINE
Envie seus comentários sobre esta reportagem clicando aqui.
