Feirantes querem ficar na frente do cemitério

Jornal O Norte
Publicado em 12/12/2006 às 10:19.Atualizado em 15/11/2021 às 08:46.

Ticyana Fonseca


Repórter


ticyana@onorte.net



null



Funciona todo domingo, das 7 às 14h uma feirinha organizada pela Associação dos feirantes da Divina Providência em frente ao cemitério. Na feirinha, o visitante encontra desde culinária até artesanato, aprecia música com bandas ao vivo e a apresentação de dançarinos. A feirinha funciona há quatro meses e três semanas, com 115 feirantes trabalhando no local.



null



Feirinha em frente ao cemitério tem dançarinos, arroz com pequi  e muito respeito aos mortos e muita gente animada


(fotos: Wilson Medeiros)



Quando a feira começou era para ser provisória, enquanto o espaço no Parque das Mangueiras fosse preparado para os feirantes. Mas, hoje, 40 % dos feirantes não querem sair do espaço em frente ao cemitério.



O que muitos questionam é como as pessoas podem comer enquanto o cemitério está logo ao lado. A reportagem de O Norte esteve no local e conferiu que as pessoas que freqüentam a feira não se importam muito com esse detalhe. A feirinha está sempre movimentada mesmo nesse dias de muita chuva.



RESPEITO



Segundo o coordenador, Robson Roger existe, sim, o respeito dos feirantes quando ocorrem os enterros durante as edições da feirinha.



- Quando tem enterro nós desligamos o som. Mesmo quando o enterro passa na avenida do outro lado, pedimos para desligar o som. Tudo isso em respeito às pessoas enterradas e aos seus familiares. Ninguém nunca reclamou de nada na feirinha ou do barulho.



Ele explica que todas as pessoas que trabalham no local são voluntárias.



- Segundo a prefeitura, nossa feira é a 2ª melhor em movimento na cidade e isso mesmo sem nenhuma infra-estrutura, já que estamos começando. Temos o aval da prefeitura e da secretaria de Indústria e Comercio. Somos nós que pagamos luz, som, tudo que usamos. A prefeitura só nos cedeu o espaço e as barracas. Isso aqui só acontece por causa da coragem dos feirantes. Estamos gerando emprego, renda, a maioria das pessoas que trabalham aqui é feita de idosos - conta Robson.



LUGAR POLÊMICO



null- Estou aqui desde o principio. Acompanhei toda a evolução da feirinha. Esta feirinha foi tudo de bom para o nosso bairro. Tem gente que ainda tem este preconceito formado de não querer comer em frente ao cemitério, já do outro lado tem as pessoas que querem nossa permanência aqui - relatou a feirante Leila Alves.



- Vamos fazer o teste e ficar algumas semanas na área em frente ao parque. O engraçado que, antes, o local em frente ao cemitério era provisório e lá permanente, hoje as pessoas não querem ir para lá. Na outra área reservada não vai ter todo junto assim, como é aqui. As pessoas vão ficar separadas por alas. Vai ser cada um por si - completou Robson.



- Acho uma falta de respeito, a feirinha funcionar em frente ao cemitério. É difícil comer, divertir, enquanto tem gente sendo enterrada. Penso que é uma falta de respeito com os mortos. Tem quem gosta de ir, mas eu não vou à feirinha, menos ainda pra comer - relatou Wenderson Gomes, uma das pessoas que a reportagem ouviu e que, mesmo morando próximo à feirinha preferem não freqüentar o local.



OPINE



Envie seus comentários sobre esta reportagem clicando aqui.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por