Falta de médicos obriga moradores se deslocarem para outros bairros

Jornal O Norte
Publicado em 06/04/2010 às 09:04.Atualizado em 15/11/2021 às 06:25.

Anny Muriel


Repórter



Segunda-feira, 05 de abril, 10h40, e o movimento de pacientes no Centro de saúde do Bairro Santos Reis ainda continua. Segundo a gerente Rosilva Ferreira Maia Villas Boas, já foram atendidos mais de 50 pacientes; diariamente, pelo menos 450 pessoas aferem a pressão arterial, na parte da manhã, à tarde e à noite.



O Centro de saúde conta com um clínico geral no turno matutino, e três no noturno; dois ginecologistas, três pediatras (manhã e tarde), dois psicólogos e dois fisioterapeutas, além do serviço de higiene bucal.



(XU MEDEIROS)


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Mulheres esperam atendimento na unidade de saúde


da Vila Áurea: difícil mesmo é a figura do médico
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A prestação de serviços do Centro de saúde do Santos Reis abrange as áreas de atendimento dos seguintes bairros: Santos Reis, Jardim Brasil, Amazonas, Vila Antonio Narciso, Edgar Pereira, Vila Brasília, Vila João Gordo, Vila nossa Senhora Aparecida, Vila Santa Cruz e Vila Ipê; além de atender a zona rural, concede também suporte a todos os PSFs das áreas  adjacentes.



O paciente Marcelo Pereira Silva, morador do Bairro Bela Paisagem, esteve pela manhã no local, com possíveis sintomas de dengue, à procura de atendimento, uma vez que não havia médico no PSF de seu bairro.



- Tem têm três dias que estou sentindo muita dor na cabeça e nos olhos, febre e  muito cansaço pelo corpo. Hoje pela manhã fui tentar uma ficha no PSF do meu bairro, mas me informaram que nem médico tinha, o que é um absurdo para a comunidade que precisa dos serviços do PSF; daí me falaram pra eu procurar o posto de saúde mais próximo, vou ver se consigo ser atendido aqui - diz Marcelo Pereira.



A gerente Rosilva Ferreira diz à reportagem que o paciente seria atendido na parte da tarde, mesmo sendo de outro bairro.



Na parte da manhã, a partir das 08h, a prioridade para marcação de consultas é para os idosos, sendo os outros pacientes agendados na parte da tarde, a partir das 14h.



- A gente marca à tarde e, a partir das 18 h, começa o atendimento, sendo distribuídas diariamente sessenta fichas para os pacientes - diz Rosilva. 



Na parte da manhã foram atendidas vinte crianças na pediatria, vinte e cinco consultaram com o clínico geral, e três pacientes foram encaminhados ao dentista.



O Centro de saúde do Bairro Santos Reis funciona das 7h da manhã às 22h.



MORADORES DO BELA PAISAGEM SE SENTEM DESAMPARADOS



No Bairro Bela Paisagem, a agonia e revolta dos pacientes são notáveis. Semblantes de pessoas indignadas e insatisfeitas com o caos em que se encontra a saúde no bairro.



A dona de casa Luciene Gonçalves chegou às 10 da manhã desta segunda-feira à unidade, à procura de atendimento, e foi informada de que só seriam distribuídas fichas a partir das 13h30.



- Aqui está uma verdadeira falta de respeito com nós, moradores, trabalhadores, pais de família, e nem os idosos estão escapando do descaso em que se encontra o atendimento no bairro. A gente chega cedo à procura de um atendimento médico, e praticamente todas as vezes está em falta, não veio, está de férias, enfim, acham que não temos nossos afazeres também. Desse jeito, a gente perde o dia aqui, de cedo até o finalzinho da tarde, à espera de atendimento – diz a dona de casa.



Há somente um plantonista na unidade. A da situação é o assunto do dia para busca atendimento no Bela Paisagem.



- Aqui ninguém é bem amparado pelos serviços de saúde, todos reclamam das péssimas condições de atendimento aqui no bairro, e só de vez em quando é que aparece algum médico ou acadêmicos, mas mesmo assim o atendimento é precário, e há poucos médicos para muitos pacientes - completa Luciene.



Moradores e pacientes reclamam ainda da falta de informação por parte dos funcionários da unidade. A filha de dona Luciene, Joana, comenta que chegou ao local por volta das 10h30, para tentar uma senha, e foi informada por uma funcionária de que aguardasse no lado de fora, que a avisaria quando começasse a distribuir as senhas, porém, depois de ficar uma hora à espera do aviso para pegar a senha, foi informada por uma funcionária da limpeza de que as pessoas estavam aguardando no lado de dentro da unidade, e que já havia seis pessoas na frente dela. Motivo que gerou revolta diante da falta de informação por parte dos funcionários.



- A demora no atendimento aqui parece brincadeira e exagero de nossa parte. Só quem vem aqui sabe a labuta que é para conseguir alguma coisa. O jeito é ficar de cedo até à noite para tentar a sorte por um atendimento médico - diz Gleice Laura, que chegou às 10h e até às 12h30 não tinha sido atendida.



Segundo os usuários, a greve em alguns hospitais da cidade contribui para o mau funcionamento nos PSFs e Centros de saúde, uma vez que a demanda é muito grande para pouca oferta de profissionais da área de saúde.



A dona de casa Gleice Laura alega ainda que, quanto às visitas dos agentes de saúde da família, é muito difícil, e quase raridade, mas pelo menos um deles vai a sua residência.



A paciente frisa ainda que a construção do PSF no Bairro Bela Paisagem não contribuiu em nada para melhorar a saúde da comunidade, e que se contribuiu foi para os médicos, uma vez que sempre que procura o Centro de saúde mais próximo, eles afirmam que o atendimento deve ser feito no PSF do bairro onde o paciente reside.

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