Uma erosão na Avenida José Corrêa Machado, em Montes Claros, preocupa moradores e usuários de uma das vias mais movimentadas da cidade. A avenida, que abriga edifícios residenciais, comerciais e um shopping, é também a principal rota para universidades, parques e uma secretaria municipal.
“Os taludes estão rompendo aos poucos e com as fortes chuvas dos últimos dias, a terra está cedendo com mais rapidez, comprometendo a segurança do local com risco de desmoronamento do asfalto. Como é uma área de grande circulação de carros e pessoas, o risco de acidentes é grande, caso a terra ceda mais um pouco”, se preocupa Patrícia Ferreira, moradora de um edifício próximo ao local, que entrou em contato com a reportagem para denunciar a situação. Segundo ela, há alguns meses a situação está evidente, mas não houve nenhuma intervenção do poder público no sentido de se atentar ao problema. “A cada momento está mais crítico. Não veio ninguém olhar ou fazer reparação”.
Juliano Lopes, também residente na Avenida, destaca que está bastante preocupado com a evolução do problema. “A área onde está ocorrendo o desmoronamento da terra é muito movimentada. Uso com frequência para me deslocar ao trabalho e fazer caminhadas. Estou me sentindo inseguro em continuar utilizando a calçada, mas observei que muitos continuam e pode resultar em uma tragédia”, disse.
Simultaneamente à ocorrência em Montes Claros, o fenômeno se repete em diversas rodovias de Minas Gerais. O NORTE já havia abordado o tema em uma matéria recente, quando moradores de Botumirim testemunharam a divisão da pista. No último final de semana, o incidente se repetiu no km 618 da BR-135, próximo a Curvelo. De acordo com Virgílio Mesquita Gomes, Engenheiro Agrônomo e Professor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), a erosão é provocada pela ação de processos superficiais, como o fluxo de água ou vento, que removem solo, rochas ou até mesmo material dissolvido. Habitualmente ocorre de áreas mais altas para mais baixas e pode ser agravada por intervenções antrópicas de várias formas, causando prejuízos materiais, econômicos e sociais.
“Este fenômeno que ocorre em estradas, rodovias e até em edificações urbanas, está associado a uma dificuldade em se planejar e prever adequadamente o volume de precipitação que pode ocorrer e como se pode orientar o fluxo destas chuvas para locais de armazenamento adequado”, explica o professor, ressaltando que o fenômeno “é uma consequência, e não uma causa, para as imagens que visualizamos em nossas rodovias, entradas de ponte, vias de acesso asfaltadas, ou em beiras de edificações urbanas”, pontua.
Ele observa que um dos grandes problemas na tentativa de evitar as erosões é que a localização em uma região semiárida traz ocorrências em virtude da má distribuição das chuvas ao longo das estações do ano e concentrada em curto período. Os meses de maior precipitação em nossa região são novembro, dezembro, janeiro e fevereiro. “Podem ocorrer precipitações anuais maiores do que a média de 800 mm anuais (média região), porém, dezembro, com seus 31 dias, pode ter 28 dias secos, sem chuvas, o que caracteriza um chamado ‘dilúvio’ em apenas três dias do mês, totalizando 150 mm. Esta distribuição pluviométrica errática e concentrada extrapola a capacidade das obras viárias em conduzir adequadamente o fluxo de água, provocando as erosões”, explicou Virgílio.
Para o professor, a fim de evitar tais situações, a palavra de ordem é prevenção. “É possível, por exemplo, vistoriar e mapear edificações e obras viárias em áreas de maior risco na região. E, dentro do possível, realizar as manutenções necessárias de modo a evitar os processos erosivos que poderiam ter um efeito catastrófico”, conclui.
A Eco-135, concessionária responsável pelo trecho em que se deu a ocorrência, informou que devido à erosão iniciada na faixa de domínio, fez a “interdição na faixa 2, sentido norte, no km 618 da BR-135, em Curvelo. Equipes da concessionária estão no local realizando intervenções para conter qualquer evolução desta erosão e início da recuperação. A equipe de avaliação de riscos também segue acompanhando constantemente a erosão para realizar devidas interdições, se necessário. O fechamento parcial é indispensável para garantir a segurança dos usuários e dos trabalhadores atuantes na região. A Eco135 reitera seu compromisso no cuidado com todos os pontos do seu trecho de atendimento”.
Quanto à situação da Avenida José Corrêa Machado, a prefeitura não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta edição.