Desafios urbanos

Em MOC, falta de árvores e o excesso de concreto elevam a temperatura a 42°C

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 19/02/2025 às 19:00.
Conforme engenheiro agrícola, não há previsão de chuvas para o carnaval em Montes Claros, sinalizando a continuidade do calor intenso (LARISSA DURÃES)
Conforme engenheiro agrícola, não há previsão de chuvas para o carnaval em Montes Claros, sinalizando a continuidade do calor intenso (LARISSA DURÃES)

Minas Gerais e outras regiões do Sudeste e Sul do Brasil enfrentarão uma nova onda de calor nos próximos dias, com temperaturas que podem superar em até 5 °C a média do mês, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O calor intenso deve impactar especialmente São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, elevando também o consumo de energia elétrica.

Conforme o engenheiro elétrico Welhiton Adriano de Castro Silva, o calor será intenso principalmente no Triângulo e na faixa Norte de Minas Gerais, onde os termômetros atingirão valores próximos aos 40 °C no período da tarde. 

Silva explica que, em dias quentes, ventiladores, climatizadores e ar-condicionado ajudam a refrescar o ambiente, cada um com diferentes potências e funcionalidades. Ventiladores funcionam melhor com portas e janelas abertas para circulação do ar, enquanto o ar-condicionado exige o fechamento do espaço para alcançar rapidamente a temperatura ideal, entre 23 °C e 24 °C.

Outra recomendação importante, segundo o engenheiro, está relacionada ao chuveiro elétrico, um dos aparelhos que mais consomem energia. “Como os equipamentos de refrigeração tendem a ficar ligados por mais tempo, uma alternativa para economizar é ajustar o chuveiro para a posição morna ou até mesmo desligar. Quem puder, pode optar por um chuveiro eletrônico, que permite um controle mais preciso da temperatura e reduz ainda mais o consumo”, orienta o especialista.

Renan Milo, engenheiro agrícola, alerta para o calor intenso que deve atingir a cidade e o Norte de Minas Gerais nos próximos dias, especialmente durante o carnaval. Segundo ele, a média de temperatura registrada é feita nas estações climatológicas fora da cidade. “Na área urbana da cidade, devido ao concreto, asfalto e falta de arborização, a temperatura tende a ser ainda mais alta. Se na estação fora da cidade a máxima é 37 °C, no centro da cidade pode chegar facilmente a 42 °C”, explicou.

Quanto à previsão do tempo, ele explicou não haver expectativa de chuvas significativas até o carnaval. “Até o carnaval, provavelmente não teremos chuvas, mas pancadas isoladas podem ocorrer, algo típico do verão”, afirmou.

Por fim, Renan abordou a importância da arborização nas cidades e os desafios urbanos que contribuem para o aumento das temperaturas. “A falta de árvores e a construção de cidades sem a devida consideração para áreas verdes são problemas que contribuem para o calor extremo. A função das árvores na cidade vai além da sombra, elas ajudam a amenizar a temperatura”, concluiu. 
 
CALOR NO DIA A DIA
Para Zenaide Martins, aposentada e ex-funcionária pública do estado, quando o assunto é o transporte público, a situação pode ficar desconfortável. “Às vezes é quente, né, mas tem a janela, tem o ar condicionado”, explica. No entanto, ela esclarece que nem todos os ônibus possuem ar-condicionado. “Tem uns que têm, mas não todos”, acrescenta. Para os ônibus sem ar condicionado, ela conta haver janelas que podem ser abertas, proporcionando algum alívio.

Sobre a arborização de Montes Claros, Zenaide considera que a cidade poderia ser mais verde, especialmente na área central. “Tem gente que está cortando as árvores em vez de preservar, está acabando com ela”, lamenta.

Silva, que preferiu ficar no anonimato, trabalha no serviço geral da prefeitura, e enfrenta o intenso calor diário em Montes Claros, com turnos de trabalho das 6h20 às 14h30. “É bem constrangedor, viu? Tem que trabalhar bem equipado, blusa de manga, protetor solar e chapéu”, conta ela sobre as condições difíceis enfrentadas no serviço. Ela revela que, para se proteger, leva sempre uma garrafinha de água. “Enrolo no jornal, e ponho em duas sacolinhas”, diz, explicando como organiza a água que leva para o trabalho. Ela ainda coloca a garrafinha à noite para congelar e trazer com ela no dia seguinte.

Apesar de todo o esforço para se manter hidratada, Silva reconhece que o calor muitas vezes faz a água acabar rapidamente. Para ela, o trabalho é bom, mas o sol intenso é um desafio diário. “É difícil por causa do sol”, afirma. Ela acredita que um horário de trabalho mais cedo seria mais adequado. “Seria melhor mais cedo, pegar umas 5H, 5h30, e terminar antes de meio-dia”, sugere, reconhecendo que o calor fica insuportável a partir desse horário. “De meio-dia em diante o sol tá bem castigado”, conclui Silva, enfatizando os desafios do trabalho no calor intenso.

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