
Nesta sexta-feira, 2 de novembro, Dia de Finados, milhares de brasileiros repetem a tradição cristã de visitar o túmulo onde estão sepultados entes queridos. Em Montes Claros, moradores que pretendem venerar seus mortos reclamam do estado de abandono em que se encontram os dois cemitérios municipais da cidade _ o do Bonfim e o do Jardim da Esperança _ ambos públicos, localizados no bairro Sumaré.
Além de os cemitérios serem alvo de ação de vândalos, que danificam túmulos, quebram monumentos e praticam roubos, devido à falta de segurança, eles já não comportam mais novos sepultamentos. Famílias estão tendo que comprar terrenos em cemitério particular, que custa em média R$ 5 mil, sem contar as taxas.
A população mais carente não está recebendo também o auxílio-funerário _benefício concedido a pessoas de baixa renda. A verba de R$ 954 é repassada ao município pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social para famílias carentes para ajudar no custeio de funerais. E fica de responsabilidade da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social repassar o dinheiro para os beneficiados.
Segundo o presidente do Conselho Gestor de Saúde de Montes Claros, Mário Ribeiro, há três meses o recurso não é repassado. “Vamos protocolar denúncia no Ministério Público contra a falta do repasse. Recentemente tivemos dois casos de famílias que não tinham condições de comprar a terra nem arcar com as despesas funerárias”, disse o presidente.
O sofrimento vivido pelas famílias para enterrar e venerar seus mortos levou o vereador Valdecy Contador (PMN) a enviar requerimento ao prefeito de Montes Claros, Humberto Souto, solicitando a construção de um novo cemitério municipal.
O secretário de Desenvolvimento Social, Aurindo Ribeiro, confirmou a suspensão do pedido dos benefícios junto aos Cras. Ele disse que neste ano foram aprovados de 40 a 50 benefícios. Ele informou que até o mês passado a prefeitura custeou os benefícios com os recursos disponíveis, mas que há 30 dias não teria como pagar os pedidos aprovados.
“Seria irresponsabilidade fiscal continuar recebendo pedidos nos Cras, já que temos quase 50 processos na fila, aguardando o direito. Quando o Estado liberar o recurso, voltaremos a receber os pedidos nos Cras”, finalizou.
DESRESPEITO
A aposentada Hermínia Vasconcelos Ladeira, que teve o jazigo da família destruído, reclama dos danos emocionais e financeiros. “É um desrespeito com quem já morreu e com as famílias. Enterrar alguém que amamos já é difícil, temos que lidar com a dor e com a burocracia, daí deparamos com um verdadeiro abandono”, queixa-se Hermínia, que disse ter prejuízo de R$ 3 mil com a destruição.
Moradores vizinhos denunciam que à noite os dois cemitérios são invadidos por usuários de drogas e são registrados atos de roubo e vandalismo. Na edição de 6 de julho, a reportagem de O NORTE mostrou a ação do vandalismo que danificou diversos túmulos, quebrando monumentos com prejuízo de até R$ 100 mil.
O aposentado Francisco Monteiro mora próximo aos cemitérios há 42 anos. Segundo ele, a prefeitura procura arrumar o local perto do Dia de Finados. “Fica um matagal aí. Pior é pra gente que mora perto, pois o local atrai bichos peçonhentos e à noite fica perigoso –o cemitério vira ponto de prostituição e drogas”, reclama.