Lindiane Reis
Repórter
onorte@onorte.net
Transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doente receptor por outro órgão ou tecido normal de um doador, vivo ou morto. O transplante é um tratamento que pode salvar e/ou melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas.
Transplante é um assunto ainda polêmico, que desperta muitas dúvidas e receios para os especialistas. O medo é uma das razões para a existência de poucos doadores, pois as pessoas têm medo de morrer e não querem se preocupar com esse tema em vida.
Em Montes Claros, o órgão responsável pelo transplante é a CNCDO – Central de notificação, captação e distribuição de órgãos e tecidos das regiões Norte e Nordeste de Minas. É regido pela MG Transplantes e funciona na Santa Casa de Moc, hospital transplantador. Atualmente, é possível fazer transplante de córneas e rins. Ainda não se faz transplante de fígado, coração e pâncreas na cidade.
Acompanhada da equipe de Belo Horizonte, é possível fazer a retirada de pâncreas e fígado. O coração ainda não é retirado em Moc, por ser necessário que o órgão seja transplantado no mesmo local de retirada.
Segundo a coordenadora da CNCDO, a médica Gina Tanúria Guerra da Cruz, com a criação da Unidade coronariana da Santa Casa, que será inaugurada em breve para os pacientes com problemas cardíacos, o transplante de coração poderá ser uma realidade em na cidade.
A coordenadora diz que, em Minas, o número de transplantes caiu muito. Em Moc, de janeiro a março deste ano, foi feito apenas um transplante de rim, e mesmo assim o órgão veio de Belo Horizonte. Em 2006, houve seis possíveis doadores que estavam com suspeita de morte cerebral. Desses, cinco tiveram contra-indicação médica e um não pôde doar por causa de recusa familiar.
Na lista de espera existem 61 pacientes inscritos para o transplante de córneas e 190 para rins. Na Santa Casa e no Hospital São Lucas somavam, até o dia 28 de fevereiro, 361 pacientes em tratamento de hemodiálise.
Para Gina, não há como as pessoas serem doadoras sem ter a devida instrução:
- É preciso fazer algo para que a população tenha mais informação sobre o assunto, as campanhas são poucas.
Hoje, no Brasil, para ser doador não é necessário deixar nada por escrito, em nenhum documento. Basta comunicar à família o desejo da doação, que só acontece após a autorização familiar.
Existem dois tipos de doadores: o doador vivo, que pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea e parte do pulmão; e o doador cadáver: paciente com morte encefálica, geralmente vítima de traumatismo craniano ou AVC (acidente vascular cerebral), conforme autorização da família. A retirada dos órgãos é realizada em centro cirúrgico, como qualquer outra cirurgia. A família do doador cadáver pode autorizar a doação de coração, pulmão, fígado, pâncreas, intestino, rim, córnea, veia, ossos e tendão.
A CNCDO pretende realizar um projeto que as escolas, através de palestras para alunos de 7ª a 8ª série, conscientizem a sociedade como um todo, tarefa de longo prazo:
O tema doação de órgãos deveria ser incorporado nos conteúdos curriculares dos diversos níveis de ensino, para despertar nos alunos uma atitude crítica, que permita o debate e a conscientização.