
Trabalhador com renda bruta de um salário mínimo em Montes Claros teve que destinar quase 40% dos R$ 1.212 para gastos com alimentação. No último mês o preço dos 13 itens da cesta básica passou de R$ 460,40 para R$ 475,44. Com o restante, teria que bancar despesas com moradia, saúde, higiene, serviços pessoais, lazer, vestuário e transporte. Missão impossível!
Segundo a economista Vânia Vilas Bôas, o ano começa com a perspectiva de uma inflação galopante. “Há uma previsão do Banco Central de que no ano tenhamos uma inflação em torno de 5,6% a 6%. Isso era no primeiro momento, mas agora essa projeção já vai para 7% e Montes Claros”, diz ela, coordenadora e analista do Índice de Preços ao Consumidor, realizado pelo Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Para o levantamento sobre fevereiro foram coletados dados de 400 estabelecimentos comerciais do município, em vários bairros, para verificar os preços médios.
“Já tem, nesses dois primeiros meses, uma inflação de 2,01% e nos últimos 12 meses de 10,76%”, acrescenta.
A especialista explica que mês passado a inflação no Brasil – “e não diferente aqui em Montes Claros” – apresentou um comportamento totalmente atípico, porque em fevereiro, historicamente, a inflação é mais baixa que a de janeiro, uma vez que em janeiro existe uma série de serviços que são reajustados, como próprio salário mínimo, transportes, material escolar, mensalidades escolares e alguns impostos federais.
“Este ano em Montes Claros, para a nossa surpresa, a inflação foi de 1,05% contra 0,95% em janeiro, que a gente já considerava uma inflação alta”, pontua a economista da Unimontes.
Para março, a projeção é de aumentos ainda mais consideráveis, o que para a economista é motivo de temor, pois pode vir mais elevada em função do aumento de 18, 7% da gasolina, 25% do diesel, e do gás de cozinha 4,48%.
“Só pra gente lembrar que em janeiro de 2020 o gás custava em Montes Claros, em média, R$ 69. Atualmente, está custando em média R$ 125. Nesse sentido, se em fevereiro tivemos uma inflação alta, em março, com os aumentos dos combustíveis, será maior. E sabemos que isso faz com que a gente tenha inflação de custos: produtos e serviços que dependem desses itens com certeza terão presos reajustados”, avalia Vânia Vilas Bôas.
E quem vai pagar por isto, de acordo com a economista?. “Será o consumidor final, que vem sendo mais penalizado neste processo”, afirma.
VARIAÇÃO DE ALTA POR GRUPOS
1. Alimentação 2,82%
2. Vestuário -1,55 )
3. Habitação 0,35
4. Artigos de residência 0,70
5. Transporte e Comunicação -1,55
6. Saúde e Cuidados Pessoais 0,87
7. Educação e Despesas pessoais 0,78
(*) Com Larissa Durães