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Segunda-Feira,18 de Agosto

Cunhada relata últimos momentos de Janinha: Secretária, supostamente morta por namorado virtual, teria conhecido suspeito em um site de namoros

Jornal O Norte
Publicado em 17/02/2011 às 09:48.Atualizado em 15/11/2021 às 17:22.

Samuel Nunes


Repórter


Foto: Arquivo de família



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Dor e lágrimas se misturam com a sensação de um filme de terror vivenciada pela família da secretária e estudante de Psicologia Janinha Pereira de Freitas, 37 anos, encontrada morta em sua casa, na manhã da última segunda-feira, 15, no bairro Alto São João.



O Norte foi à casa de um dos seis irmãos da vítima, Valdeir Pereira de Freitas, que, com sua esposa, a estudante Lidiane do Carmo Guimarães, contou como foram os últimos momentos de Janinha, seus sonhos e a esperança de que a justiça seja feita.






PAR PERFEITO



Lidiane do Carmo, que, além de cunhada, era muito amiga, contou que Janinha conheceu o principal suspeito do crime através do site de namoros denominado Par Perfeito há duas semanas. Este disse se chamar Danilo Fernando, natural do estado de Rondônia e que residia atualmente em São Paulo. Ele também teria afirmado que trabalhava com acupuntura e que fazia também estampa de camisetas, tendo inclusive, pela internet, enviado uma personalizada para ela.



Segundo Lidiane, tão logo sua cunhada começou a conversar com ele pela internet, em seguida já marcaram o encontro em Montes Claros. Salienta que, depois que Janinha iniciou o bate-papo com o suspeito pelo computador, ela se tornou uma pessoa distante dela, uma vez que conversavam quase que diariamente pelo MSN.



Revela ainda que o acusado teria dito que veio a Montes Claros de ônibus, mas ela diz ter informações que ele, na verdade, veio de carro e chegou a deixar o mesmo em um estacionamento não muito distante da casa de Janinha.



Lidiane também relata que sua cunhada tinha feito reserva em um hotel para o suspeito na sexta-feira, porém ele não havia chegado no dia combinado, mas no último sábado por volta das 14h e se dirigindo direto para sua casa no bairro Alto São João.



- Havia quatro meses que ela comprou o computador. Como o sonho dela era casar e ter filhos, ela colocou todo o seu perfil no site de relacionamentos Par Perfeito, para o qual ela pagava uma taxa de cerca de 12 reais – lembra.



Observa ainda que Janinha tinha acabado há poucos dias um namoro que durou seis anos e esperava encontrar uma pessoa com quem pudesse realizar o sonho de ter um esposo e a nobre missão de se tornar mãe.



Lidiane do Carmo Guimarães acredita que o fato da cunhada ter inserido no perfil do site de relacionamentos e por morar sozinha pôde ter influenciado decisivamente para que o suspeito se aproximasse com mais facilidade para conseguir o seu objetivo.



- Nós, da família, acreditamos que o acusado premeditou o crime, ele planejou tudo. Por isso, a importância da sociedade nos ajudar, pois suspeitamos que mais crimes desta natureza ele possa ter cometido – afirma.






DOMINGO



Domingo, 13 de fevereiro. Este dia ficará marcado para sempre na memória da família de Janinha Pereira de Freitas, assassinada no final de semana.



Lidiane, cunhada da vítima, com os olhos lacrimejando, lembra que, por tradição, todos os finais de semana, a família se encontrava no sítio de sua sogra, distante poucos quilômetros de Montes Claros. Entretanto, neste dia, ela conta que Janinha decidiu ficar em casa, pois se encontrava com visita desde às 14 horas do dia anterior, sábado.



- Recordo que ela estava diferente neste dia, cabelo com outro penteado e estava muito bonita. Entrei em sua casa com a minha filha de um ano e sete meses, e, logo quando ela viu este homem que diz se chamar Danilo, começou a chorar muito. Na saída, algo que jamais vou me esquecer, ele me beijou no rosto e, em seguida, deu um sorriso, quando percebi que um dos seus dentes é amarelo. Isso me marcou, e quando lembro me dá arrepios – relata a cunhada da vítima.



Já o irmão de Janinha, Valdeir Pereira de Freitas, recorda que neste domingo, por volta das 17h, quando em companhia da esposa, passou na casa da irmã, mas não chegou a entrar.



- Estava chateado, pois minha irmã tinha terminado um relacionamento com uma pessoa muito boa. Ela estava com este homem em casa contra a minha vontade. Nós da família, apesar do pouco tempo, não aceitávamos este relacionamento, uma vez que ela nem conhecia ele direito – observa.






GRITOS



Já passavam das 23h quando a prima da vítima, de nome Elizete, e seu namorado Josué, últimas pessoas a terem contato mais próximo com a vítima, decidiram ir embora, conta Lidiane do Carmo Guimarães. Ela afirma ainda que a prima, que havia passado o dia na casa de Janinha, a aconselhou a deixar que ela também ficasse em casa como companhia, mas esta não aceitou.



Lidiane revela que, segundo informações de um vizinho que reside aos fundos, Janinha teria gritado duas vezes por volta da meia noite, portanto, na madrugada de segunda-feira. Ela suspeita que o crime teria acontecido naquele momento.



- Ainda no domingo à tarde, assim que estava saindo da sua casa, perguntei a ela se tinha rolado alguma coisa. Ela disse que não, apenas dois beijinhos. Que não tinha dado química. Que ela voltaria a conversar com um outro homem, de apelido Tone, de Brasília/DF, que conheceu no mesmo site de relacionamento. Entendo que ele deve ter seduzido ela para ter relação, mas, como não era seu desejo, pode ter acontecido tortura e o crime logo após – descreve.






PREOCUPAÇÃO



Lidiane e o esposo Valdeir se sentem desprotegidos e com uma sensação de temor uma vez que o notbook e mais o telefone da irmã foram levados pelo suspeito.



- A sensação é de insegurança, pois através do computador e telefone celular dela, ele está de posse de fotos de toda a família e mais número de telefones nossos também. Outra coisa, na noite de segunda-feira, a página dela no MSN estava aberta. Ou seja, provavelmente, é o suspeito que estava usando. Coincidência ou não, neste mesmo dia, e horário, eu e mais algumas pessoas da família, recebemos convites de quatro pessoas para o orkut para tornar-se nossos amigos neste site de relacionamento. Tudo são indícios de que ele está usando o computador dela – revela. 






VAZIO



Valdeir afirma que, pelo fato de ter perfuração na cabeça, ela pode ter sido morta a facadas. Perguntado o que ele faria se porventura fosse possível voltar ao tempo, em prantos, proferiu as seguintes palavras:



- Queria abraça-lá, cuidar de minha irmã. Mas, infelizmente isto não é possível. A Janinha era uma pessoa de coração bom, estabilizada na vida, mas que tinha um futuro todo pela frente, que foi interrompido de forma trágica. A falta dela é considerável. Sentimos um grande vazio existencial, que nunca mais será preenchido. Clamamos por justiça – conclui.

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