(Polina Tankilevitch/Pexels)
A área de pesquisa no Brasil sofreu um duro golpe, e a professora e pesquisadora montes-clarense Andréa Maria Eleutério Martins está preocupada. Com razão! O corte de 87% nos recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia – por decisão da área econômica do governo federal – coloca em risco a continuidade de vários trabalhos em diversas áreas. O orçamento da pasta caiu de R$ 690 milhões para apenas R$ 89 milhões, deixando vários estudiosos apreensivos.
“Temos nas Universidade e Faculdades em Montes Claros laboratórios maravilhosos e completos. Se não houver fomento, toda esta estrutura e esse investimento já feitos na nossa cidade e região ficarão comprometidos”, diz a pesquisadora da Funorte e da Unimontes.
Doutor em História e professor pela Unimontes, Cesar Henrique Porto reforça que as implicações serão extremamente negativas para a área da pesquisa no município. Para ele, os vários projetos e pesquisas em andamento serão interrompidos. Além disso, “muitos outros projetos que poderiam começar precisarão ser engavetados pela falta de recursos”.
Mas a mais grave consequência, segundo ele, será a fuga de pesquisadores, não somente da cidade, como do país.
“A área da ciência já capengava e sem estes aportes vai diminuir o incentivo para o desenvolvimento científico e tecnológico. Isso vai ser complicado, porque muitos pesquisadores poderão deixar o país em busca de apoio, onde o cenário para pesquisa seja mais promissor”, afirma.
“Sou bolsista de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sempre tive o apoio do Conselho Nacional para realizar as minhas pesquisas”, pontua Andréa Eleutério. “Sou grata por isto, mas agora, com este corte enorme, não sei se a minha bolsa será renovada”, lamenta.
A pesquisadora conta ainda que recusas de aporte de verbas destinadas a projetos já vem acontecendo desde 2020. Nem mesmo a aprovação dos projetos é garantia de que terão recursos para desenvolvê-los. “Em tempos de Covid-19, submeti três projetos de pesquisas no edital do CNPq e mesmo todos tendo mérito e sendo relevantes para conduzir, a resposta final foi de que não tinha dinheiro para que a pesquisa acontecesse”.
Diferentemente do que acontece na Universidade Estadual de Montes Claros e Faculdades particulares da cidade, o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais –IFNMG recebeu do governo federal, em 2020 e 2021, entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão, valores que a instituição nunca recebeu em outros anos, de acordo com informações do Coordenador de Pesquisa, pós-graduação inovação no Campus Montes Claros, Marcos Carvalho.
“Não sofremos impactos no CNPq porque fazemos pesquisas diferentes. Tivemos bolsa de R$ 400 por 12 meses e três bolsas de R$ 100 também por um ano”, afirmou.