Audiência Pública realizada na segunda-feira (12) à noite Câmara Municipal, a partir de proposição da vereadora Ceci Protetora, reuniu artistas e representantes de setores culturais que pedem a “oxigenação” do Corredor Cultural e maior envolvimento do poder público na manutenção de atividades no local.
A audiência surgiu a partir de uma polêmica que vem sendo acompanhada pelo O NORTE desde novembro, sobre um possível conflito de interesses entre moradores da região e promotores de eventos, em especial, com o único bar localizado no Corredor, a Casa de Augusta/ Memorial Georgino Júnior.
“Acredito que com esse novo olhar para o Corredor Cultural, se abre um novo ciclo para os artistas. Por mais que seja desgastante, é um bom combate e que precisava ser trazido a luz para que a gente se reconecte com as próprias raízes”, diz a proprietária da Casa, Sarah Maryja Sanches, que avalia a audiência como positiva.
A empresária pontua que sempre se colocou aberta ao diálogo com a vizinhança que chegou a frequentar o local. Entretanto, nos últimos dias, ataques em redes sociais e ameaças à integridade de frequentadores e proprietários se intensificaram dando início ao movimento “Vem pro Corredor”.
O professor e artista Georgino Júnior Neto ( Gino), que administra o “Memorial Georgino Júnior”, espaço que funciona dentro da Casa de Augusta, destacou que a intolerância parte de pessoas que sequer moram na região e se intitulam representantes dos moradores. E que a motivação do conflito teria cunho político.
“Nunca recebemos notificação, o diálogo sempre foi aberto. Somos da arte e da cultura. O que a gente quer é manter este espírito vivo”, destaca.
Sérgio Gomes, produtor cultural, morador da região do corredor e descendente de família que habita o local há mais de 100 anos questionou o fato de moradores se apresentarem como representantes dos demais.
“Que associação é essa? Como ela se organiza e quem elegeu? Nunca me convidaram. Minha família é moradora há mais de 100 anos. Estou aqui como morador e apoiador do movimento ‘Vem Pro Corredor’, que surgiu a partir de uma provocação real e concreta. O cidadão comum, não tem o poder de cobrar de outro alvará de funcionamento”, diz.
Soter Magno, secretário de Meio Ambiente, afirmou que não há interesse do órgão em prejudicar as atividades desenvolvidas em qualquer espaço e seguindo os critérios, elas podem e devem prosseguir normalmente.
“Nosso interesse é que possamos conviver em harmonia. A lei tem preconizado os decibéis que são suficientes para atender qualquer espaço de arte e cultura. Não existe intenção da secretaria de colocar a atividade comercial em cheque”.
O Corredor Cultural foi criado em 2012 com o intuito de receber e promover manifestações artísticas e culturais. O secretário de Cultura, João Rodrigues afirmou que desde o início do imbróglio se posicionou publicamente em defesa da Casa de Augusta e da manutenção das atividades.
“A Casa de Augusta é muito bem-vinda dentro do propósito de revitalização do espaço cultural. A gente deve ampliar mais ainda esse debate para que a gente possa considerar todo o perímetro que vai da praçaa da Matriz até o Mercado. Os eventos são feitos mediante autorização, para que seja mantida a relação de boa vizinhança. Estamos aqui para isso”, declara João.
O representante da MCTrans, José Wilson Guimarães, convidado para a audiência, não esteve presente. Ao final da reunião ficou acertado entre os participantes que a MCTrans será notificada a comparecer para justificar a colocação de placas pelo seu presidente, de proibição de parada e estacionamento. Outro encaminhamento resultado da reunião será ao Ministério Público para mediar um Termo de Ajustamento de Conduta ( TAC) entre proprietários dos espaços e moradores.