Em contato com o Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente, 2ª Região, a presidente, Elis Medrado Viana, disse que em relação especificamente a este caso, tem dois agravantes.
- O primeiro, que a criança está ameaçada de morte. Segundo, que não tem o respaldo da família para levá-lo para outra cidade.
Salienta que o menino tem parentes em Belo Horizonte, que o aceita somente se for acompanhado pela mãe, que alega não poder deixar o restante da família em Montes Claros. Segundo ela, o Conselho tem assistido a um caso parecido de um menor de apenas nove anos de idade, também viciado em drogas.
- A diferença é que o pai é morador de rua, sendo que a mãe já se encontra alcoolizada desde as nove horas da manhã. Este e um caso complexo.
A conselheira revela que a situação das drogas no município é pior do que muitos imaginam. Conta de um outro caso que o Conselho Tutelar atendeu recentemente, que segundo ela é grave e chocante.
- Atendemos uma mãe que durante toda a gravidez consumia drogas. Ela deu à luz uma criança que ficou apenas 20 dias em casa e teve que voltar para o hospital. O motivo: constatou-se que o bebê, pelo fato da mãe ser usuária de drogas, estava com crise de abstinência - conta.
Elis Medrado afirma que o atendimento à criança e ao adolescente no município é nulo, pelas dificuldades enfrentadas pelos conselheiros para realizar o trabalho. Indagada quanto à solução ou algo para amenizar a situação dos viciados em drogas no município, a conselheira foi pontual em afirmar que esta solução está nas políticas públicas para atendimento imediato e preventivo, o que segundo ela, infelizmente não é realidade em Montes Claros.
RETROCESSO
A presidente do Conselho Tutelar afirma que o fato da cidade não ter um centro de recuperação para dependentes químicos sob a responsabilidade do poder público municipal pode ser considerado como um retrocesso. Ressalta que cidades de porte menor que Montes Claros têm pelo menos Centro de Atendimento Psicossocial Infanto Juvenil (Caps-I).
- Diferentemente do município, que mesmo sendo um dos maiores de Minas Gerais, as autoridades ainda não atentaram para a necessidade de ter na cidade um local próprio para atendimento a crianças e adolescentes.
Lembra que a situação a cada dia é preocupante e faz referência a uma droga barata e que tem um poder de dependência imediata, que é o crack, que se alastrado por toda a cidade.
- As autoridades do município têm que acordar para a realidade vivenciada por várias famílias. Já participamos de audiência pública na Câmara, mas, infelizmente não surtiu o efeito desejado. Por tudo que está acontecendo estamos de mãos atadas - lamenta.