Com o dia de Finados, neste 2 de novembro, o trabalho dos limpadores de jazidas de Montes Claros aumenta. Alguns desses limpadores trabalham há 11 anos nos cemitérios Bonfim e Parque Jardim da Esperança.A tradição da limpeza, além das pinturas dos túmulos, inclui reforço com óleo nas estátuas sobre as jazidas. O número de associados é de 140 limpadores.
Muitas pessoas têm medo de ir a cemitérios ou mesmo entrar em um, mas as pessoas que trabalham dentro desse local dizem que têm mais medo dos vivos do que dos mortos.
(fotos: Wilson Medeiros)
Para o dia de Finados é esperada em torno de 70 mil pessoas para a visita aos túmulos e, por isso, a limpeza e tão importante. O cemitério do Bonfim tem uma tradição das jazidas serem maiores, o que exige uma limpeza mais completa. Já no cemitério Jardim da Esperança, para ocupar menos espaço não é permitida a construção de jazidas grandes.
LIMPADORES
- Trabalhos nos dois cemitérios há 11 anos e já tenho as jazidas certas pra cuidar. Venho todo dia limpar, fico aqui em torno de 12 horas e limpo uns 40 túmulos. O pessoal que fica sabendo do meu serviço vem e me procura. Agora, existem aqueles que eu cuido desde que entrei aqui - diz Silvia Maria da Rocha.
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- Pinto as jazidas, faço esse trabalho há uns 5 anos e durante o ano inteiro. Sou pedreiro, mas nas horas vagas ajudo minha mãe fazendo esse serviço. Faço a pintura com óleo nas estátuas, demoro em torno de 30 minutos em cada uma delas, trabalho com 20 jazidas - relata Willian Duarte que ajuda a mãe no serviço no cemitério.
DIFICULDADES
- O atual prefeito não dá apoio a nós, trabalhadores do cemitério. Ele quer é nos tirar daqui. Antes eu podia trabalhar com tranqüilidade e hoje tiraram nosso carrinho porque achavam que atrapalhava as passagens de outras pessoas. Temos de pegar as coisas e trazer aos poucos, o que faz o serviço demorar - completa Silvia Maria.
VALORES
Mesmo não tendo um salário fixo, as pessoas que fazem este serviço têm a gratidão da população, pois cuidam da imagem dos túmulos.
- Ganho de 10 a 20 reais. Dá pra ajudar a sobreviver com dignidade. O trabalho aqui é bom, mesmo com as dificuldades e é bem tranqüilo. Tenho mais medo dos vivos do que dos mortos - relata Silvia.
- Meu trabalho é mais detalhado, demora mais tempo, pois tenho de pintar detalhe por detalhe, mas a maioria dos meus clientes é antiga. Ganho em torno de 30 reais, o que ajuda a completar a minha renda - finaliza Willian Duarte.