Urbanização vulnerável

Chuva inesperada expõe vulnerabilidade das estruturas de Montes Claros

Márcia Vieira
marciavieirayellow@yahoo.com.br
Publicado em 05/04/2024 às 19:00.
Para a operação, 19 militares do CB atuaram em diversas situações, incluindo a desobstrução de bueiros e ralos, a retirada de água das casas e o resgate de pessoas (Ascom 7°BBM)

Para a operação, 19 militares do CB atuaram em diversas situações, incluindo a desobstrução de bueiros e ralos, a retirada de água das casas e o resgate de pessoas (Ascom 7°BBM)

A chuva intensa durante a noite e madrugada da última quinta-feira (4) em Montes Claros provocou um cenário de prejuízos e destruição. De acordo com o Corpo de Bombeiros, os bairros mais afetados foram o Distrito Industrial, Independência, São José, Santa Rita e Santos Reis. Outros bairros, como Raul Lourenço e Augusta Mota, também registraram inundações, com o asfalto ficando destruído em várias ruas.

“Choveu 77mm ontem. A média em abril é de 41mm. Ou seja, quase o dobro. Um pancadão muito forte. O que organizou essa chuva foi uma frente fria que ainda se encontra na Bahia. O calor combinado com a alta umidade acabou resultando em um núcleo de precipitação que atuou em Montes Claros, Januária, Janaúba, indo mais para a Bahia, então foi um núcleo isolado. Não há previsão de chuvas fortes nos próximos dias para a região “, analisou o meteorologista Ruibran dos Reis a pedido da reportagem. 

Em aproximadamente duas horas de chuva, o 7° Batalhão do Corpo de Bombeiros atendeu 45 ocorrências relacionadas, sendo 30 casos de inundação e alagamento, seis desabamentos, seis salvamentos de pessoas em residências inundadas, duas ocorrências relacionadas ao corte de árvores e um salvamento de família ilhada no Distrito Industrial. A orientação do Corpo de Bombeiros é para que as pessoas solicitem o socorro e não tentem atravessar os locais atingidos pela água, pois correm o risco de serem arrastadas. Isso vale também para as que estiverem em veículos, pois o veículo pode apagar.
 
ESCOLA ALAGADA
No Bairro Independência, a Escola Municipal Egídio Cordeiro, uma das maiores da cidade, foi inundada. A assessoria da Secretaria Municipal de Educação informou que “a limpeza foi feita ainda pela manhã e a escola está funcionando normalmente nesta sexta-feira”.

No Augusta Mota, moradores observam que a inundação de ruas acima da Avenida Vicente Guimarães está ocorrendo depois da reparação que foi feita na Avenida. “Moro aqui há algum tempo. Isso não acontecia. O que parece é que apenas transferiram o problema para outro ponto”, diz B.L.. 

O vereador Daniel Dias afirmou que, desde o ano de 2019, um requerimento de sua autoria solicitando um plano de drenagem foi aprovado na Câmara, e cabe ao município tomar as providências. Ele explica que existem locais mais complexos, como o Canelas II, onde é necessário um alto investimento para captar água e direcioná-la para a Avenida Francisco Gaetani. No entanto, situações mais simples, como no Bairro Alterosa, deveriam ser resolvidas em tempo hábil.

“É fazer os projetos e licitar. Quando eu falo do plano, me refiro não às licitações isoladas de alguns espaços. É necessária uma publicação desses locais em que tem que ser feita as drenagens, com prazos, valores e cronogramas de execução. Uma publicação clara e transparente de como estão esses processos na cidade. Essa é a defesa que eu faço”, disse.
 
VOZ DAS REDES
Na internet, tão logo iniciada a chuva, surgiram os primeiros registros e reclamações. A maioria delas fazendo referência ao asfalto recentemente executado pela prefeitura em alguns bairros. Para Rafael Ruas: “Vergonha é ver a cidade com as obras paradas e prefeito anunciando recurso em Caixa”. Anderson Pego diz que as ruas foram pavimentadas com “o famoso sabão asfalto. Choveu, lavou”. 

Luiz Henrique, opina: “Montes Claros não merece asfalto desse nível. Antes não fazer do que fazer mal feito e ter que refazer. É desperdício de dinheiro”. Para o internauta D.D., “o asfalto é de péssima qualidade, não falo da chuva dessa noite, mas qualquer chuva mais forte um pouco já começa a desfazer o asfalto farelo de soja. Dois gastos, fazer e refazer”. 

Já Gislene F. diz que “a população tem muita culpa ao jogar lixo nas ruas, que vai para os bueiros, entupindo-os. Todos somos responsáveis”. E Valéria Ribeiro lembra que “o IPTU chegou e massa asfáltica, não é tudo. (A cidade) Está largada, com mato, a dengue se alastrou, a saúde está em colapso, sem suporte e sem medicação “. 
 
DEFESA CIVIL
O Secretário Anderson Chaves informou que a Defesa Civil e Guarda Municipal estiveram em 15 ocorrências ontem fazendo vistorias em locais alternados para atender ao maior número de pessoas. “Neste momento, a equipe está no bairro Raul Lourenço fazendo as vistorias para ver se há necessidade de remanejamento de famílias em área de risco. Caso seja necessário a realocação dessas pessoas, vamos ofertar o Ginásio Ana Lopes ou outra alternativa que atenda melhor aos interesses dos atingidos”, relatou. 

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