Áreas que passaram recentemente por intervenções feitas pela prefeitura ficaram alagadas, gerando revolta em moradores
(Divulgação)
As chuvas que caíram nos últimos dias em Montes Claros já deram uma mostra do que pode estar por vir quando realmente entrar o período das águas. Obras feitas recentemente pelo município não deram conta de escoar o volume de água e a cidade registrou vários pontos de alagamento.
Para moradores, provas de que os trabalhos foram feitos sem planejamento e sem pensar na estrutura ideal. Como consequência, prejuízos materiais em um período já tão difícil por causa da pandemia da Covid-19.
Um dos locais que já mostraram que não está apto para enfrentar as chuvas é o viaduto do bairro Roxo Verde. “A obra teve início e não houve nenhum tipo de sinalização. Quem chegava ali não sabia o que fazer nem para onde ir. Comecei a dar voltas para chegar ao meu trabalho, o que resulta em prejuízo financeiro, porque a gente gasta mais combustível. Não existe uma previsão para o término da obra e, como tudo que é feito pela administração, não tem planejamento nem aviso aos moradores sobre um cronograma”, disse José Carlos Pereira.
Profissional da área de infraestrutura, ele acredita que a intervenção está sendo feita de forma equivocada. “Para viabilizar a passagem de veículo mais alto, eles fizeram um rebaixamento no local do viaduto. Começaram a obra no período eleitoral para mostrar serviço, mas coincidiu com a chuva e não houve uma preocupação com o escoamento da água. Choveu e, como era previsto, alagou tudo”, afirma José Carlos.
Isso aconteceu também em outros pontos da cidade, de acordo com o morador. “No córrego Melancias, asfaltaram ruas sem saber se o córrego estava preparado para receber a água que escorre quando a via recebe o asfalto. Aí aconteceu o que a gente viu”, diz. Um vídeo mostrando os estragos da chuva naquela região viralizou na internet e provocou diversas críticas, já que o asfalto foi feito recentemente. Água tomou conta das ruas e fez com que carros ficassem ilhados.
SEM APELO
“Ainda não vi uma obra do futuro nessa administração: avenidas sem defensas, sem calçamento, sem iluminação, sem ciclovia, mas o povo não tem parâmetro para entender e diferenciar obra eleitoreira de obra necessária”, disse indignada S.M., chamando à reflexão para a qualidade das intervenções realizadas no município.
“É preciso ver se a obra atende a todos, aos pedestres, aos automóveis, aos ciclistas. O córrego Melancias virou a nova Vicente Guimarães. Já o córrego do Cintra está com um lado novo e outro provocando risco à integridade física dos moradores. No Canelas, a mesma coisa. Não há nada para aplaudir”, lamentou.
A advogada Mariane Alves conhece de perto o problema e tece críticas severas. “A avenida Avilmar Gonçalves de Souza, que poderia ser a nossa solução, acabou se tornando um grande problema. Além da falta de iluminação, os moradores têm que torcer para não chover, porque a água entra nas casas. A ponte foi feita de maneira equivocada e não precisa nem ser engenheiro para saber. A marca da água ficou nas paredes. Quem mora em prédio está salvo, mas quem mora no primeiro andar não tem para onde correr”, reclama a advogada, moradora do bairro Vila Campos, um dos que deveriam ter sido beneficiados pela nova avenida.
O secretário de infraestrutura e Planejamento Urbano, Vanderlino Silveira, não foi encontrado para falar sobre o assunto.