Anny Muriel
Repórter
Na manhã de terça-feira, às 8h, muito movimento de pessoas à procura de consultas no centro de saúde do Bairro São Judas Tadeu. Os pacientes reclamavam da falta de médicos no local, além da demora no atendimento.
- Às 7h30 cheguei aqui para tentar transcrever uma receita, me disseram que era preciso tirar uma ficha, mas ao mesmo tempo falaram que não tinha médico para atender. Então, para que tirar a ficha se não tem um profissional para me atender? – questiona a moradora do Bairro Vila Guilhermina Mara Almeida Durães, que voltou para casa sem conseguir uma consulta.
Ela disse ainda que há um mês espera por uma consulta com um urologista para o marido e até hoje não conseguiu. Segundo afirmou, a resposta é sempre a mesma: está em falta ou não compareceu ao posto.
XU MEDEIROS
Outra paciente, que não quis se identificar, disse que teve que passar a noite na fila para conseguir uma ficha. Ela chegou ao centro por volta das 3h40 da madrugada e, embora tenha conseguido a ficha, às 9h20 ainda não havia recebido atendimento.
- Enfrentei este frio que está fazendo na madrugada, mas, graças a Deus, consegui. Aqui anda cheio demais, e fora o tanto de gente que voltou para casa, porque Dra. Jaqueline, que também atende como clínico geral, não compareceu. Por isso aglomerou desse jeito - disse.
O caso que mais chamou a atenção foi da paciente Rosiana Pereira Silva, moradora do Bairro São Judas, que chegou às 7h da manhã com fortes dores nos rins. Ela também sofre de constantes dores de cabeça e, aliás, está em busca de um encaminhamento para um eletrocardiograma.
- Tem meses que estou vindo ao posto para tentar conseguir e hoje felizmente vou ser atendida. Já pedi até o encaminhamento de que preciso para ver o que é esta dor de cabeça terrível - afirmou a paciente.
Rosiana Pereira disse ainda que procurou atendimento em vários hospitais da cidade, inclusive o universitário, que está greve, sem êxito.
Desesperada, ligou para o Samu - Serviço de atendimento médico de urgência. A resposta dada pelos profissionais do serviço deixou estarrecida a paciente.
- Eles me disseram simplesmente para eu tomar um analgésico para aliviar a dor. Eu disse que não tinha o remédio, então mandaram eu pedir um vizinho, ou seja, não sei que problema sofro da cabeça e me mandam automedicar, além do problema de rins que não aguento nem andar de tanta dor. É triste demais ir num lugar e noutro e saber que não tem médico. Mas já fizeram minha ficha aqui no São Judas e vou ser atendida – diz, aliviada.
De acordo com a gerente da unidade, Maria de Fátima Rocha Veloso, o atendimento está normal e apenas a médica Jaqueline está de licença, devido a problemas de saúde. Disse ainda que somente nas sextas-feiras a unidade não dispõe de clínico geral.
- A gente faz o possível e o impossível para atender a todos os usuários da comunidade e não deixar a população carente de atendimento médico. O que é preciso é ter um pouco mais de paciência, uma vez que a demanda é grande mesmo - disse, acrescentando que nenhum paciente volta para casa sem consulta.
O centro de saúde do São Judas conta com três pediatras, três ginecologistas, um psicólogo, um enfermeiro e quatorze auxiliares de enfermagem.
- Fizemos a reforma de um consultório ginecológico, que ficou maior e mais completo, para melhor receber a quem necessita do serviço, além de toda a pavimentação nas laterais do posto, evitando poeira e lama no local. Os próprios usuários se deram por satisfeitos com a melhoria. Atividades de lazer são desenvolvidas junto à comunidade, que conta com reunião mensal de hipertensos e idosos, além da caminhada, acompanhada por uma técnica em enfermagem, uma enfermeira e uma psicóloga, que orientam os pacientes, cerca de 30.