Samuel Nunes


Repórter

Pouco mais de 60 pessoas compareceram, na noite da última quinta- feira,à audiência pública proposta pela Câmara Municipal, realizada na escola estadual Beato José de Anchieta, bairro Cristo Rei. O objetivo do encontro foi discutir a demora do poder público municipal em reiniciar as obras de canalização dos córregos Bicano, Vargem Grande e Pai João. A reunião aconteceu por meio de requerimento do vereador Alfredo Ramos (PT) e contou ainda com assinaturas dos parlamentares, Cláudio Rodrigues de Jesus (PPS), Valcir Soares (PTB) e Frank Cabeleireiro (PMDB), sendo que este último chegou praticamente no fim da audiência pública.

Os vereadores e a comunidade presentes cobraram do secretário municipal de Planejamento, João Henrique Ribeiro, a retomada das obras e sobretudo, o dia para se iniciar este que é um sonho antigo das comunidades ao entorno. O secretário disse a O Norte que a expectativa e a projeção para o reinício das obras de pavimentação e canalização dos córregos é para o mês de outubro.

- A Câmara Municipal aprovou um empréstimo por parte do município junto ao governo federal da ordem de 23 milhões sendo que este recurso pode chegar a 25 milhões, com contrapartida por parte do município. Esta verba é para pavimentação asfáltica de vias urbanas do município e dos distritos rurais bem como a pavimentação dos córregos - frisa.

O secretário disse ainda que o momento é de desenvolvimento do projeto e fase de licitação. Posteriormente a caixa avalia a capacidade de desenvolvimento deste pelo município.

PROMESSAS

À reportagem, lideranças comunitárias presentes na audiência demonstraram, ao mesmo tempo, esperança e descrença frente à canalização, especialmente do Bicano e Vargem Grande. O presidente da associação de moradores do bairro Maracanã, Joaquim Lopes da Silva desabafou.

- Já são 40 anos de espera. Foram tantas promessas que agora só acredito depois da obra pronta - lamenta.

Edvaldo Colares dos Santos, presidente da associação de moradores da Vila Campos, afirma que a paralisação da obra do Bicano é dinheiro público indo para o ralo. Afirma que a concretização da canalização do Bicano e Vargem Grande poderia contribuir de maneira significativa para o desenvolvimento dos bairros ao entorno como Vargem Grande, Canelas, Cristo Rei, José Corrêa Machado, Maracanã e grande Major Prates.

- Esta obra poderia desafogar o trânsito que nesta parte da cidade sobrecarrega a Avenida Nossa Senhora de Fátima. Por todos estes benefícios, a obra é importante para a região - argumenta.

Luiz Gonzaga, presidente da associação de moradores do bairro Ciro dos Anjos diz que não adianta o município marcar a data de reinicio das obras, trabalhar alguns dias e depois parar. É preciso, segundo o líder comunitário, dar continuidade ao trabalho.

- A canalização, especialmente do Bicano e Vargem Grande, é uma necessidade antiga de quem mora nas proximidades destes dois córregos. Esperamos que a promessa possa sair de fato do papel e ir para a prática pois do jeito que está vamos chegar a uma situação praticamente insustentável - alerta.

SAÚDE

O esgoto que corre a céu aberto nos canais tem gerado preocupação no que diz respeito à saúde dos moradores. O morador e primeiro fiscal da associação do bairro Ciro dos Anjos, José Bispo dos Santos, afirma que a exposição do esgoto é um fator preponderante para a infestação de dengue na região. Lembra ainda da quantidade significativa de animais peçonhentos e ratos que atormentam a vida dos moradores.

- Todos estes problemas sem sombra de dúvida afetam a saúde da população que, com a canalização, poderia ter uma melhor qualidade de vida - afirma.

Um dos líderes que mobilizou as comunidades para a participação na audiência pública foi José Carlos Gomes, que também integra o Conselho Municipal de Saúde. Ele afirma que além da saúde pública, outra preocupação é com a inércia do poder público em reiniciar as obras de canalização, paralisadas há mais de 15 anos.

- Montes Claros pede socorro, com ruas estreitas e esburacadas, os córregos Bicano, Vargem Grande e Pai João completamente poluídos, com esgoto a céu aberto. Nossa cidade está se tornando a cada dia um lugar sem vida e, por consequência, desumana para nossas crianças, jovens e idosos. Passaram-se 15 anos e as obras ainda não foram concluídas, apesar de pagarmos nossos altos impostos - lembra.

José Carlos Gomes disse que um dos problemas com a paralisação das obras é o refluxo de esgoto nas residências durante o período chuvoso pelo fato de o piso do canal ser raso em demasia. Segundo ele, a solução é ampliar a medida de área do canal e rebaixar o piso.

- Cabe à prefeitura realizar a drenagem pluvial com bocas de lobos para escoamento da água da chuva. Vamos continuar insistindo em obras preventivas e com qualidade para as famílias que moram nas proximidades dos córregos, que esperam há anos pela concretização de um sonho - conclui.