
Montes Claros promoveu, nesta quarta-feira (28), uma ação educativa no centro da cidade como parte da campanha internacional Maio Amarelo. Com o tema de 2025, “Desacelere: seu bem maior é a vida”, o movimento criado pela ONU em 2011 busca conscientizar motoristas sobre os riscos no trânsito e reforçar a importância da prudência. O evento reuniu diversas entidades ligadas à segurança viária e à saúde pública.
Segundo o DataSUS, o Brasil registrou cerca de 35 mil mortes no trânsito em 2023. Em 2024, os acidentes e óbitos em rodovias federais aumentaram 10%, totalizando mais de 73 mil ocorrências e 6.160 mortes. Em Montes Claros, somente nos cinco primeiros meses de 2025, o 7º Batalhão de Bombeiros Militar atendeu 494 ocorrências de trânsito, enquanto o SAMU Macro Norte registrou 731 atendimentos entre janeiro e março, representando uma média de 244 casos por mês. A maioria envolve motociclistas (64%), seguidos por motoristas de automóveis (23%), ciclistas (7%) e atropelamentos (6%).
Segundo o tenente Kollek Pereira, do 7º Batalhão do Corpo de Bombeiros (7º BBM), o crescimento do número de motocicletas circulando na cidade, motivado pelo trabalho com aplicativos e outras atividades cotidianas, eleva a quantidade de acidentes. “Com mais motos circulando, cresce também a probabilidade de acidentes”, afirmou. O militar também alertou para práticas perigosas, como ultrapassagens irregulares, circulação em calçadas, excesso de velocidade e avanço de sinal vermelho. “A maioria dos acidentes ocorre por imprudência e negligência dos condutores”, reforçou.
O coordenador do Núcleo de Educação do Samu Macro Norte, Ubiratan Lopes Correia, reforça o alerta. Segundo ele, entre 60% e 70% dos atendimentos urbanos do Samu envolvem motociclistas. “Em seguida, temos as colisões automobilísticas e os acidentes com ciclistas”, informou.
Nas estradas da região, o perfil dos acidentes muda conforme a via. A BR-251, por exemplo, registra ocorrências graves com múltiplas vítimas, devido à presença de veículos de carga em alta velocidade. Já em rodovias estaduais, como as MGs, são comuns colisões com animais e acidentes com motociclistas.
Para Correia, a velocidade continua sendo o fator determinante para a gravidade das lesões. “Acidentes com veículos em alta velocidade tendem a ter uma severidade proporcional. Isso chama bastante nossa atenção.”
Ele também chama a atenção para um problema crescente, como a distração ao volante, especialmente com o uso de celulares. “Hoje em dia, as pessoas usam muito o celular ao dirigir. Só de desbloquear ou atender o aparelho, a 40 km/h, a pessoa percorre 10 metros praticamente de olhos fechados. A capacidade de reação é drasticamente reduzida”, alerta.
O presidente da McTrans, Vinicius Pereira dos Santos, reforçou que os acidentes envolvendo motocicletas são os mais frequentes no perímetro urbano e, geralmente, estão ligados à velocidade e à distração. “Sabemos que muitos trabalham com aplicativos e estão constantemente utilizando o celular, o que tem ocasionado muitos acidentes”, destacou. Para ele, a campanha tem como principal objetivo reduzir o número de mortos e feridos no trânsito.
O fiscal de transporte Fernando Lisboa Guzmão destacou a importância da direção preventiva e da atenção em locais críticos do trânsito, como cruzamentos, áreas escolares e de obras, ressaltando que o trânsito é imprevisível e exige cuidado redobrado. “Sempre redobro o cuidado, porque o trânsito é imprevisível. Nem todos estão atentos ou preparados, e esses locais concentram um alto índice de acidentes”, afirmou.
O fiscal também compartilhou uma experiência pessoal que o marcou e influenciou diretamente sua forma de conduzir. “Já me envolvi em um acidente, e isso me deixou com trauma. Foi um dos motivos que me fizeram ficar ainda mais atento”, conta.
Ao comentar o tema da campanha Maio Amarelo 2025, “Desacelere: seu bem maior é a vida”, Guzmão considera que a mensagem é extremamente pertinente para o momento atual. “Faz total sentido na minha rotina. Com o avanço da tecnologia, muitos motoristas acabam se distraindo com o celular. Mudam a direção bruscamente por conta de uma corrida que aparece no aplicativo ou porque se esqueceram de algo. Aí convergem rapidamente, sem sinalizar, e nos obrigam a tomar decisões em frações de segundo. É aí que o acidente acontece”.