Biodiesel acelera economia de Montes Claros

Jornal O Norte
Publicado em 20/10/2008 às 07:42.Atualizado em 15/11/2021 às 07:47.

Até óleo de cozinha será utilizado


para abastecer Usina que


já está sendo construída



Waldo Ferreira


Colaboração para O NORTE



Em 150 anos de história, Montes Claros viveu três períodos de intenso desenvolvimento. O primeiro foi o agropecuário, com a expansão de fazendas que fizeram a região servir como principal fonte de abastecimento para outras porções do Estado. O segundo foi o industrial. Nas costas da criação da Sudene, na virada dos anos 1960/70, surgiram as chaminés que fomentaram o áureo período do progresso norte-mineiro. A partir do ano 2000, vem o terceiro ciclo: o da prestação de serviços. Montes Claros consolida-se como pólo universitário e amplia sua condição de referência estratégica, sobretudo em saúde, educação e comércio, para todo o Norte de Minas.



A partir deste ano a cidade viverá um novo e destacado período: a era do biodiesel. Os números são dignos das melhores previsões. Mais de 15 mil empregos diretos e indiretos, 100 mil hectares plantados de oleaginosas e 54 milhões de litros de biodiesel por ano. A demanda por matéria-prima é tão grande que até o popular óleo de cozinha será utilizado na  produção.



A intenção é organizar, em cooperativas, associações de bairros e escolas de Montes Claros para que elas possam fornecer para a Petrobras aquela gordura que resta do óleo de cozinha usado. Serão entregues em cada residência, um recipiente para recolhimento do óleo de cozinha. Em vez de ser despejado nas redes de esgoto, ele será purificado e transformado em biodiesel. Será um ganho duplo. Além de reforçar a proteção ao meio ambiente no município, será definido um tipo de remuneração para quem fornecer o óleo.



Parceria entre a Petrobras e a Prefeitura, a Usina de Biodiesel de Montes Claros é uma das três que foram construídas pela estatal em todo o Brasil. O investimento de R$ 75 milhões gerou mais de 1000 empregos somente durante a construção. O número de 15 mil empregos será atingido se considerada a necessidade de a região oferecer 100 mil hectares plantados de oleaginosas, para garantir o processamento de 54 milhões de litros de biodiesel/ano.



Segundo o IBGE, para cada hectare plantado, uma produção rural gera, em média, dois empregos. Do total da matéria-prima da Usina de Biodiesel, pelo menos 30% deve vir, obrigatoriamente, da agricultura familiar, como forma de garantir o “Selo Social do Combustível”, que isentará a Petrobras do pagamento de vários impostos.



A mamona, que por muitos já vem sendo chamada de “ouro verde do sertão mineiro”, será responsável por no mínimo 10% da produção total.



Para isso, será necessário o plantio de 15 mil hectares de mamona na região. Os outros 90% virão do algodão, soja, amendoim, gergelim e gordura animal. Somente em Montes Claros foram plantados 3 mil hectares de mamona. O município  forneceu aos produtores mais  de 12 mil quilos de sementes, além de preparar o solo para o plantio com tratores da Secretaria Municipal de Agricultura.



A organização da agricultura familiar também está por conta da Prefeitura. “Graças a pesquisas que fizemos através da UFMG e da Epamig, estamos tendo condições de oferecer o suporte técnico aos pequenos produtores. Também estamos buscando, junto ao governo federal, um financiamento para que esses produtores possam adquirir uma esmagadora de oleaginosas, o que aumentaria ainda mais a capacidade de rendimentos deles”, destaca o secretário de Agricultura, Osmane Barbosa Neto.



A Usina de Biodiesel foi construída pela Petrobras num terreno doado pela Prefeitura no Distrito Industrial. Tem 1.150 metros quadrados de área construída. “Esse talvez seja um dos maiores investimentos, uma das maiores obras da administração municipal em parceria com o Governo Federal em todos os tempos. Montes Claros tem um grande gargalo, que é a falta de empregos, sobretudo para a população carente. Todo essa mobilização em torno da Usina de Biodiesel abre um excelente panorama nesse sentido, no campo e na cidade”, afirma o prefeito Athos Avelino, que reivindicou a instalação da Usina diretamente ao presidente Lula.

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