Samuel Nunes
Repórter
samuelnunes@onorte.net
Eram duas horas e trinta minutos da tarde de ontem, terça-feira, quando a reportagem de O Norte chegou ao Bairro Monte Carmelo 3, que tem aproximadamente 500 moradores. O que se constata é que a situação do bairro é triste, principalmente no que concerne às ruas que estão praticamente intransitáveis. O que se vê são buracos, falta de meios fios e de limpeza, garantindo segurança e comodidade aos moradores.
Olhando de cima e guiando-se pelos buracos,
é difícil distinguir um bairro do outro...
Na Avenida Evandro Câmara, o comerciante José Geraldo Alves diz ter dificuldade para passar com sua moto. Ele conta que, no momento, três carros pertencentes a eles se encontram em uma oficina na rua onde mora, que é a Artur Domingues. A situação é tão grave que José Geraldo contratou uma patrola com dinheiro do seu bolso para amenizar o problema e, com isso, facilitar o trabalho do caminhão de lixo da prefeitura.
Diz que, na sua rua, a situação é difícil tanto para pedestres quanto para motoristas e motoqueiros, devido aos buracos. José Geraldo espera que a prefeitura tenha um olhar mais atencioso para o Monte Carmelo.
LAGOA DA DENGUE
Outra solicitação feita por ele é quanto a um local onde seria construída uma praça e hoje, com as chuvas que caíram na cidade, praticamente se tornou uma lagoa onde o mosquito da dengue pode ter se instalado.
- Os moradores estão correndo perigo de contrair essa doença, a prefeitura tem que resolver logo esse problema - diz José Geraldo.
Outro morador do Monte Carmelo, o vice-presidente da associação e empresário Renato Mauricio Ruas, diz que o local próximo à Avenida Evandro Câmara, antiga Avenida 14, se transformou em uma lagoa e, conseqüentemente, um reservatório do mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue. Renato diz que é necessária uma limpeza desse local. Outra reivindicação apontada por ele é quanto ao estado da rua onde mora e também de outras:
- No bairro, é necessário o calçamento e asfaltamento das ruas, já que em época de chuva ou mesmo na seca, o resultado é um só: problema para nós, moradores.
CÓRREGO DAS MELANCIAS
Na avenida Antônio Lafetá Rebelo, onde o Córrego das Melancias tem afluência, a situação não é das melhores. A presidente da Associação dos moradores do Bairro Monte Carmelo, Vitalina Lopes da Silva, conhecida como dona Vita, diz que às segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 06 horas da manhã, acontece nessa avenida a Caminhada saudável, com a participação de aproximadamente 40 moradores do bairro. Os participantes dessa caminhada estão solicitando à prefeitura melhoramentos às margens do córrego, como limpeza em toda a extensão.
Caminhada saudável é realizada nas margens caóticas
do Córrego das Melancias (fotos: Wilson Medeiros)
- As reclamações giram em torno de limpeza do córrego, iluminação da avenida e também a retirada de lixo no entorno da avenida, já que o cheiro é horrível, pois a caminhada é realizada bem cedinho e, para nossa segurança, deve ter uma boa iluminação. Até onde tem asfalto, é iluminada, depois que chega na terra, a iluminação acaba. Com isso, nossas caminhadas estão sendo prejudicadas - afirma Vita.
Ela conta que a Rua 15 também tem problemas, que são sujeira e lixo em lotes vagos, causando transtornos aos moradores:
- As ruas do nosso bairro são o maior dos problemas; na chuva, lama e buracos atrapalham nossa vida; na seca, é a poeira causando problemas para a saúde das pessoas.
Ela pede também a limpeza de lotes vagos que abrigam escorpiões e cobras.
LINHAS DE ÔNIBUS
Dona Vita conta que outro problema enfrentado é quanto às linhas de lotação do Monte Carmelo:
- Antes, tínhamos no nosso bairro três linhas de ônibus - 102, 192 e 12 -; agora, por falta de estrutura das ruas do bairro, só temos a linha 12 fazendo o trajeto do Monte Carmelo 3 ao Centro da cidade.
A presidente da associação reclama ainda do estado da Rua Lagoa Itapeva. Segundo ela, essa rua não tem saída, o que tem é um desvio que os próprios moradores fizeram para facilitar o trânsito pela rua.
- Queremos, além do calçamento, o asfaltamento das ruas do nosso bairro - diz Vita.
CASA DA TERCEIRA IDADE
O Norte esteve também na Rua Itapeva, onde a situação é grave, pois existe ali a Casa da terceira idade, que atende 17 idosos. Segundo a voluntária da casa, Ana Cristina da Silva, poucos visitantes têm levado solidariedade aos velhinhos, uma vez que, com o estado da rua, isso fica quase impossível. Ela afirma que falta ainda iluminação na rua, para facilitar o acesso dos visitantes à casa e segurança aos moradores:
- A qualquer momento um idoso pode ficar doente e nós não temos como sair daqui de carro, devido à situação da rua.
Nessa mesma rua, a reportagem verificou a presença de uma boca de lobo tampada com madeira, o que pode causar um acidente.
Durante uma caminhada de aproximadamente 1 hora, a reportagem também ouviu moradores do Bairro Carmelo, que é vizinho do Monte Carmelo. Lá, a situação das ruas também não é das melhores. De acordo com a presidente da Associação de moradores do Carmelo, Marisa Batista, os problemas considerados de emergência no seu bairro são:
- Falta do programa PSF com atendimento médico;
- Melhoria da estrutura das ruas, inclusive porque o motorista do caminhão de lixo diz vai ser difícil continuar transitando por aquele bairro.
O mesmo problema acontece com o Samu. Marisa afirma que, quando esse serviço é solicitado, o carro é deixado em um determinado lugar e o doente é transportado através de uma maca. A mesma coisa com o policiamento, pois o carro dos policiais tem enfrentado problema de deslocamento;
- Faltam de lotações para atender a comunidade, pois só circulam as linhas 121 e 01, devido ao estado precário das ruas.
FALTA SEGURANÇA
A moradora do Carmelo Jaqueline Marlúcia, portadora de deficiência, diz que andar pelas ruas do bairro não é tarefa fácil. Conta que é o péssimo estado das ruas, inclusive a sua, que é a Lagoa Rodrigo de Freitas. A situação é realmente preocupante.
- Pagamos nossos impostos, o IPTU deste ano inclusive já chegou, e nunca somos atendidos - desabafa um morador, que prefere não se identificar.
Outra solicitação feita por ele é quanto à falta de segurança. Algumas ruas não têm postes de luz, apesar de a Cemig cobrar taxa de iluminação pública.
LADO DA PREFEITURA
Ouvido por O Norte, o gerente da secretaria municipal de Serviços Urbanos, Fabiano Oliveira, diz que Moc conta com um programa de gerenciamento de resíduos sólidos e que algumas secretarias têm se unido para um planejamento da limpeza dos bairros. Sobre os bairros Carmelo e Monte Carmelo, Fabiano conta que a prefeitura tem como objetivo encascalhar o restante das ruas.
LUZ E ASFALTO
A Ascom - Assessoria de comunicação da prefeitura diz que a secretaria de Planejamento tem um plano de asfaltamento do município que depende de recursos que a administração vem tentando conquistar por meio de convênios com o governo federal e também o governo do estado. No entanto, como forma de garantir o cumprimento do seu plano de metas, entre elas a de viabilizar o asfaltamento das principais vias de acesso da cidade, a prefeitura precisa melhorar a arrecadação de tributos, como o IPTU.
Sobre o mato alto naqueles locais, a secretaria de Serviços Urbanos informa que o cronograma de roçamento foi retomado com o fim do período chuvoso. E que a prefeitura está adquirindo, por meio de licitação, uma nova roçadeira mecânica para ampliar os trabalhos.
Por fim, no que diz respeito à iluminação pública, a prefeitura informa que, em cumprimento a convênio firmado com a Cemig, até o final de 2006 Moc terá 100% de iluminação pública.