Samuel Nunes
Repórter
Eles estão presentes em toda a cidade, mas muitos preferem fingir que eles simplesmente não existem. Entretanto, os catadores de papel com seus carrinhos lotados de material reciclável já fazem parte da paisagem urbana, e representam um reflexo direto do alto índice de desemprego no Brasil.
(foto: FABIOLA CANGUSSU)
Antônio Souza Silva diz que a cidade conta atualmente
com mais de 500 catadores de papel.
De acordo com o presidente da Associação dos Catadores de Papel Montes Claros, Antônio Souza Silva a cidade conta atualmente com mais de 500 catadores de papel, contudo, apenas 48 são associados, e deste número um pouco mais da metade participa assiduamente na entidade mediante a sua vida política.
- Caixas de papelão, papel usado, latas de refrigerante, fios de cobre e pedaços de alumínio. Tudo o que para a maioria dos montes-clarenses é considerado lixo, hoje, é a única fonte de renda para mais de 500 catadores de papel existentes na cidade diz.
DIFICULDADES
O presidente da associação revela que diante das inúmeras dificuldades encontradas, tem pai de família sobrevivendo a várias situações adversas, como até mesmo dificuldade de alimentar os filhos e a esposa.
- Estamos passando por sérias dificuldades financeiras, tem pai de família que está tendo a ajuda de parentes para comer em casa, alguma coisa tem que ser feita em apoio a nossa associação - revela Antônio Souza Silva.
Ele cita por exemplo o valor do material coletado nas ruas, uma latinha por exemplo, que antes era vendida por R$ 2,50 o quilo, custa hoje R$ 1,00. Portanto, na visão de Antônio Souza Silva, o maior problema enfrentado pela classe é a redução nos preços do material.
- Não tem como continuar vendendo o material que coletamos com um valor como este. Papelão por exemplo, chegamos a vender de R$ 0,15, centavos, agora custa apenas três centavos. Se ganhávamos R$ 200, ou até R$ 300,00 por mês, hoje tem catador de papel trabalhando mais de oito horas por dia para ganhar R$ 100,00 ou até menos que isso, conclamo a prefeitura através de alguma secretaria que ajude a nossa associação. Não podemos deixar que a única entidade que representa uma classe que sofre vários tipos de preconceitos venha a fechar as portas - desabafa Antônio Souza Silva, também popularmente conhecido como Tone do Chapéu.
TRABALHO
O catador de lixo, na maioria das vezes, não tem noção da importância do seu trabalho para o meio ambiente quanto ao tempo que o material recolhido leva para se decompor na natureza.
- Papel - algumas semanas
- Sapatos de couro - até 50 anos
- Caixas de papelão - vários meses
- Plástico fino - até 5 anos
- Folhas de bananeira - algumas semanas
- Pneus – tempo desconhecido
- Sacolas de plástico 10–20 anos ou até centenas de anos, dependendo do tipo de plástico
- Metais - até 50 anos
- Latas de alumínio - até 80 anos
- Garrafas de plástico - centenas de anos
- Cacos de vidro - milhares de anos