Condições precárias de veículos de transporte escolar podem ter causado um acidente envolvendo um aluno portadores de necessidades especiais em Várzea da Palma no início deste mês. A família da vítima vai acionar a prefeitura na Justiça por negligência e falta de apoio após a ocorrência.

Robert Patrício Alves, de 11 anos, caiu do ônibus escolar quando voltava da Apae. Pais dos alunos alegam que o veículo está sucateado, sem janelas e que a porta ficava aberta durante o trajeto.

O acidente aconteceu em 4 de outubro. O ônibus circulava com as portas abertas e Robert caiu com o veículo ainda em movimento. Ele sofreu ferimentos por todo o corpo, um corte na cabeça e escoriações pelo rosto.

Segundo os familiares de Robert, a Prefeitura de Várzea da Palma oferece o transporte dos alunos da Apae, porém, além de o veículo não oferecer condições de uso e nenhuma segurança, as crianças só têm acompanhamento na hora em que são pegos em casa. Os pais afirmam que os alunos atravessam sozinhos uma rodovia que dá acesso à Apae.

“Eles saem do ônibus rumo à escola sozinhos e a mesma coisa na volta. O ônibus estava com a porta quebrada e só abria com um empurrão. Então, era preciso que os alunos batessem o pé para abri-la. Para que os alunos não ficassem chutando, porque poderia quebrar mais, o motorista resolveu deixar a porta sempre aberta”, pontua o pedreiro Reginaldo Vieira, pai do garoto.

“Somos pobres, mas sei dos meus direitos. Vou esperar o laudo ficar pronto para entrar na Justiça. Procurei o prefeito para pedir ajuda, principalmente um veículo para levar Robert para o hospital, pois depois da alta ele precisou ser internado novamente. O vice-prefeito nos deu um ventilador, porque nossa casa é muito quente e Robert está acamado. Para não dar ferida no corpo dele, deixamos ele no chão, mas é muito desconfortável. O prefeito ficou de nos ajudar, mas até o momento não ofereceu nada, nem para comprar os medicamentos”, lamenta o pai do menino que conta que uma enfermeira tirou dinheiro do próprio bolso para poder comprar um remédio que o hospital não tinha.
 
POSIÇÃO
Por meio de nota, a Prefeitura de Várzea da Palma informou que todas as providências foram tomadas em tempo hábil em relação ao ato ocorrido e que continua prestando assistência. Mas a família de Robert nega que tenha recebido qualquer tipo de ajuda.

Já o setor de Transporte do município nega que os ônibus escolares estejam em más condições de uso. “A porta não estava estragada, o sistema de abertura é lento, por isso o motorista abriu antes para agilizar a abertura. Além dos veículos passarem por manutenção constante”, detalha a nota.
 
TRANSPORTE
Segundo o presidente da Associação Mineira dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), Marcelo Felix, vários municípios foram afetados com a falta de repassasses do Estado. Entre os serviços suspensos e com qualidade atingida está o transporte escolar. Em Janaúba, por exemplo, ele deixou de ser oferecido. Mas a Prefeitura de Várzea da Palma não disse nada sobre o assunto.
 
NECESSIDADES
Robert possui deficiência mental e também é hiperativo. Além dos remédios que já tomava diariamente, agora ele precisa de tratamento adequado para os ferimentos causados no acidente.

O menino também necessita de um colchão específico para quem fica acamado –conhecido como “casca de ovo”. Quem puder ajudar a família pode procurar Emerson Moreno, pelo telefone (38) 99810-6364.