
Em tempos de discurso sobre o respeito à diversidade, uma cena de agressão verbal a dois travestis em Montes Claros viralizou nas redes sociais e levantou, mais uma vez, o debate sobre o preconceito.
O vídeo mostra um casal agredindo verbalmente os travestis conhecidos como Victória e Bruna, em uma avenida de grande movimento em Montes Claros. A atitude gerou muita revolta e discussões.
Um boletim de ocorrência foi feito pelas vítimas no dia 7 de abril, na 2ª Delegacia de Polícia Civil de Montes Claros. “Eles começaram a atacar a gente, xingar a minha amiga de macaca, começou a me chamar de gorda. Estavam em um carro e a gente parada na avenida. Não fizemos nada. Outras meninas viram. Estavam com garrafas de cerveja na mão. Não é fácil. A gente não escolheu. Não fica lá porque quer”, diz Victória.
A outra vítima disse que ficou muito assustada. “Falou que a gente era fraca. Fiquei parada sem saber o que fazer. Tenho medo. Fico vendo a tatuagem e a moça gritando”, conta Bruna.
A advogada Viviane Gonçalves, que está à frente do caso, afirmou que foram cometidos vários crimes, como injúria racial, ameaça, constrangimento ilegal, homofobia e crime de exposição de imagem.
“O respeito ao próximo deveria ser característico ao ser humano. Mas isso, infelizmente, não é uma realidade de todos. É preciso que se faça valer a legislação que protege os direitos”, diz.
A advogada orienta que, nesses tipos de crime, o que se deve fazer é registrar boletim de ocorrência policial, não revidar e identificar possíveis testemunhas. Também é necessário buscar orientação jurídica, acompanhar o oferecimento da denúncia ou da queixa-crime.
“Lembrando que é importante ficar alerta quanto ao prazo prescricional do crime de injúria racial, atentar para todas as fases do processo, ter perseverança e paciência, além de processar sempre os agressores”, orienta.
Os órgãos responsáveis irão rastrear a informação para que os criminosos respondam por seus atos.
“Apesar de a Justiça cada vez mais entender que comentários e ações de injúria racial, racismo/discriminação de raça e cor são sim, ofensivas, ter o respaldo de um advogado é bastante recomendado quando se pretende entrar com uma ação contra um infrator. O profissional irá orientar com relação às provas que devem ser apresentadas e também à punição que caberá aos criminosos”, diz.
APOIO
O presidente fundador do grupo Arco-Íris do Amor – Associação LGBTQ+, Lucas Pereira, disse que está tomando todas as medidas cabíveis com relação ao caso. Além do apoio jurídico, está prestando assistência psicológica e social às vítimas.
“Temos como principais objetivos fomentar a aplicabilidade das políticas públicas de amparo e proteção à comunidade LGBTQIA+, realizando ações sociais para a comunidade como um todo. Vamos trazer cada vez mais apoiadores para os projetos sociais, minimizar a desigualdade de gênero e raça através de diversas campanhas em parceria com vários outros movimentos. Planejamos estender cada vez mais nosso projeto, levando nossas ações a mais cidades do Norte de Minas”, diz.