No dia 6 deste mês, no Plenário da Câmara Municipal de Montes Claros, a vereadora Maria Helena Lopes (MDB), em pronunciamento na tribuna, denunciou a situação de descaso na Vila Oliveira, onde moradores de rua e pessoas em situação de rua, estão vivendo e dormindo do lado de fora do abrigo da prefeitura.  

Para a vereadora, o secretário de Desenvolvimento Social de Montes Claros, Aurindo Ribeiro, é omisso em relação à situação das pessoas em situação de rua.

“O secretário possui excelentes técnicos na área, excelentes coordenadores, mas parece que está cego diante de tal situação, pois, ao redor do abrigo na Vila Oliveira, vai lá, na porta da igreja, na praça do abrigo os moradores de rua estão morando em volta ao invés de estarem dentro do abrigo, estão fora do abrigo. Ao invés de estarem dentro do abrigo, estão na rua”, denuncia. 

Para a vereadora, as pessoas em situação de rua não estão mais somente no centro da cidade, na rodoviária, no mercado. Atualmente ocupam espaços em bairros, como na Vila Oliveira e Major Prates. 

“Já se previa com a comunidade da Vila Oliveira, que seria um problema, no Major, estão na praça, famílias inteiras”, conta. 

Para ela, em vez de se conseguir equipar a comunidade com melhores equipamentos públicos, acabaram levando a questão para os bairros. 

“A prefeitura deveria ter levado mais uma quadra ou consertar a quadra que está precisando de reforma, melhorar a praça da Vila Oliveira, mas estamos levando problemas para lá”, reclama.  

“E nosso requerimento é que reativassem a escola que estava ali e que o abrigo seja feito em um local mais central. Porque, antes, naquele bairro não havia moradores de rua. E, porque não estão dentro do abrigo e, sim, fora? Quero entender”, questiona a vereadora.

Procurados pelo O NORTE, por vários dias, o secretário Aurindo Ribeiro, e a assessoria da prefeitura não quiseram se pronunciar. 

Morador denuncia descaso

Quem falou, ou melhor, denunciou, foi Leandro Pereira Barbosa, 45 anos, que vive nas ruas de Montes Claros. “Na Vila Oliveira tem um albergue, só que foi feito para os funcionários da prefeitura. Serve só pra eles dizerem que trabalham para a prefeitura e para receber o salário deles”, reclama. 

Leandro denuncia que usou o abrigo uma vez, e depois não pôde mais frequentar.  “Já tive a oportunidade de ficar lá, mas se eu for hoje, vão dizer que já fiquei e não posso mais ficar”. 

De acordo com Leandro, o abrigo deveria acolher – o que não tem acontecido. “Nesses dias estamos na chuva. Tem um que é deficiente, minha companheira está com o pé machucado. Eles não vêm buscar a gente e não oferecem ajuda nenhuma. E os funcionários que vão às ruas aparecem uma vez na vida e só pra dar bom dia e boa tarde, uma educação, uma elegância, mas entram no carro e vazam. Deixam a gente aqui precisando de tudo, desamparados”, lamenta. 

A casa de passagem da Vila Oliveira foi criada para oferecer o serviço de acolhimento institucional e digno para pessoas em situação de rua por 24 horas. Tem capacidade e estrutura para atender 60 pessoas entre 18 há 50 anos, com pernoite e alimentação. 

O acolhimento é para homens quanto para mulheres. Os atendidos podem tomar banho no local, onde é oferecida quatro refeições diárias, atendimento psicológico, análise da situação socioassistencial, e encaminhamento para o banco de oportunidades, para futuro ingresso no mercado de trabalho, entre outros serviços. 

A proposta da vereadora Maria Helena é que o acolhimento seja por mais tempo, que atenda essas pessoas de forma que as encaminhe para um lugar melhor ou arrumem um emprego para que elas possam se virar sozinhas. Que não seja um abrigo somente para comer e dormir por tempo limitado e depois deixadas a sorte. 

“Não é que não defenda que tenha o abrigo, tem que ter, mas com a função social dele funcionando, não pode ser com tempo muito reduzido e só alimentação. Porque, afinal de contas, desativaram uma escola pra isso. Algo tem que ser feito”, argumenta a vereadora.