foto: Samuel Nunes
As obras de arte são vendidas de R$ 150 a R$ 8 mil
Samuel Nunes
Repórter
Perseverança, criatividade, esforço e dedicação, como se fosse o seu primeiro dia de trabalho. Este é o cotidiano do escultor, autodidata, Tibúrcio Pereira Silva, separado, pais de cinco filhos, 73 anos, 44 dos quais dedicados ao ofício de escultor, atividade ao qual ele denomina, como uma terapia para a mente, tornando-o, a cada dia, uma pessoa feliz e de bem com a vida. Credita a Deus o dom de escultor. Enfatiza que, o que o move a trabalhar diariamente é o gozo pela profissão e a sua sobrevivência.
Para quem frequenta ou apenas visita o mercado municipal, é possível visualizar os trabalhos de Tibúrcio em meio às bancas de mercadorias, como, por exemplo, colheres de madeira, pilão e vários outros utensílios. Revela que aprendeu este ofício sozinho e dele tira o sustento de sua família. Sem perder o senso de humor, mas, ao mesmo tempo com os olhos lacrimejando, Tibúrcio Pereira Silva conta que se considera um semi-analfabeto, entretanto, afirma que a sua faculdade é a vida, que o ensinou a ser uma pessoa que luta incessantemente pelos objetivos em mente.
- Sei ler e escrever muito pouco, só que a faculdade da vida me ensinou a ser honesto, enfrentar as adversidades com cabeça erguida e desenvolver o meu trabalho de escultor com perfeição, mas, principalmente com responsabilidade – frisa.
INSPIRAÇÃO
Indagado de onde vem a inspiração para criar as formas para as esculturas, Tibúrcio faz uma revelação típica de quem viveu na roça:
- Por ter morado na zona rural da cidade de Porteirinha toda a minha infância, é de lá quem vem a inspiração. Quando faço uma escultura, por exemplo, de vacas e bois, chego a ouvir o berro destes animais e mentalmente me transfiro em meio à natureza – conta emocionado.
O escultor faz um apelo no sentido de que outros artistas e autoridades possam valorizar a cultura local, o homem do campo, do sertanejo.
Com orgulho e senso do dever cumprido e a ainda a cumprir, Tibúrcio Pereira Silva lembra que suas esculturas já foram vendidas para turistas de outros países como Bélgica, Estados Unidos e Inglaterra, que já visitaram o mercado. Observa que há compradores oriundos de Belo Horizonte, São Paulo e cidades do Sul de Minas.
Explica que o tempo gasto para fazer uma escultura varia de uma semana a três meses. Segundo ele, o valor das obras custa a partir de R$ 150,00. Salienta que, há cerca de três meses, vendeu para um dentista residente em Belo Horizonte uma obra avaliada em 8 mil reais.
- A peça vendida foi de um caçador de veado. Ele comprou mais algumas peças. O valor da compra foi de cerca de 11 mil reais. Independentemente do valor da obra, vou continuar trabalhando de forma a tirar o sustento para a minha família e divulgando a cultura local através do artesanato – conclui.