Vitrines ‘maquiadas’

Comerciantes retiram carnes de exposição inadequada antes de fiscalização chegar

Manoel Freitas
O Norte - Montes Claros
06/11/2018 às 07:24.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:37
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

Mais uma vez a força-tarefa criada para fiscalizar a venda de carne em Montes Claros e região foi a campo para barrar o comércio de produtos impróprios para o consumo. Mas para a surpresa dos fiscais e de quem acompanhou a operação Carne Segura nenhum açougue ou peixaria tinha mercadoria exposta, como é de costume no Mercado Central da cidade.

Mas isso não é sinal de que os comerciantes se adequaram às normas sanitárias. Para consumidores e açougueiros que atuam fora do espaço, foi apenas uma forma de driblar a fiscalização já anunciada, pois amanhã acontece uma audiência pública na Câmara Municipal para debater o assunto.

A manobra dos açougueiros, que ocultaram a carne exposta diariamente, irritou o proprietário de uma casa de carnes que funciona próximo ao Mercado Central. “Tem 25 anos que acompanho os açougues venderem carne sem procedência, manterem carne clandestina dependurada, sem que ninguém tome providências”, disse aos integrantes da força-tarefa. Ele alega que gastou mais de R$ 4 mil para se adequar às normas da Vigilância Sanitária, enquanto os estabelecimentos do Mercado agem como bem entendem.

Além do Ministério Público, oito fiscais do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e 18 da Vigilância Sanitária vistoriaram 23 açougues e três peixarias do Mercado Central e não encontraram nem um quilo de carne ou pescado dependurados pelos ganchos ao ar livre, como de costume.

Em maio, reportagem de O NORTE mostrou como os produtos ficam expostos, situação que, segundo consumidores, persiste.

Além da carne exposta sem refrigeração, também motivou a sessão no Legislativo o fato de o IMA ter revelado que mais de 80% da carne consumida no município ser de origem clandestina.

A “Operação Carne segura” vem sendo realizada há vários meses em Montes Claros e outras cidades da região para coibir a venda de produtos sem certificado de procedência e qualidade.

Os fiscais ontem chegaram a ficar quase três horas em ação no Mercado, sobretudo porque um dos estabelecimentos estava fechado. O proprietário foi acionado diversas vezes e, faltando dez minutos para terminar o prazo dado pelo Ministério Público, que iria autorizar o arrombamento do açougue, ele chegou: no papel, estava tudo 100%.

Na audiência pública de amanhã, a fala mais esperada é do promotor de Justiça, Felipe Caires. Ele não autorizou o detalhamento da operação de ontem antes da sessão no Legislativo.

Além das autoridades sanitárias da administração municipal, comporão os trabalhos Maria de Lourdes Vieira Leopoldo, gerente Regional da Emater, e Marcos Túlio Pelaquim, coordenador Regional do IMA.


 

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