Transporte deficiente

Pessoas com mobilidade reduzida ficam à mercê da precariedade do Transpecial

Márcia Vieira Repórter
O Norte Montes Claros
15/02/2020 às 10:07.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:38
 (ARQUIVO PESSOAL)

(ARQUIVO PESSOAL)

Pessoas que dependem do Transporte Especial em Montes Claros buscam ajuda para que a MCTrans cumpra a lei que disponibiliza o veículo para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida para que tenham acesso a serviços de saúde, educação, dentre outros que são ofertados pelo sistema público.

A assistente administrativa Katherine Soares, ex-presidente da Associação dos Deficientes de Montes Claros (Ademoc), junto a outros deficientes, elaborou um documento para encaminhar ao órgão pedindo uma solução imediata para a oferta do serviço, que hoje se encontra de forma precária. 

Uma manifestação está sendo organizada pelos usuários, a fim de sensibilizar as autoridades. Katherine revela que o agendamento está sendo realizado de maneira precária, sem levar em conta a necessidade da parte mais frágil, que é o passageiro.
“Nós temos que agendar com dois dias de antecedência. Mas eles colocam quatro ou cinco pessoas de regiões bem distantes no mesmo horário. Deste modo, se eu tenho, por exemplo, uma fisioterapia de 18h às 19h, não consigo cumprir o horário e saio prejudicada no tratamento. Assim como eu, quem faz tratamento de hemodiálise tem vivido esse drama”, afirmou.

Trecho do documento revela que a situação é obscura e confunde os usuários. “Na escala consta o agendamento do dia, destino e horário de retorno de todos os usuários. Visando atender a todos os agendamentos, a MCTrans faz ajustes nos horários e rotas, porém, como usuários, não sabemos como esse agendamento ficou configurado, forçando-nos a tentar prever o horário em que fomos encaixados ou se fomos realmente agendados, trazendo toda a sorte de prejuízos, inclusiva à saúde”.
 
RISCO
“Na semana passada, fui deixada pelo Transpecial às 10h no hospital. O retorno estava marcado para as 14h40, com tolerância até as 15h. Eles não foram me buscar. Saí do hospital às 18h porque uma paciente me levou para casa. Os funcionários começaram a fazer vaquinha para que um motorista de aplicativo me levasse”, contou Zuila Pereira, moradora do bairro Vila Sion, que utiliza o transporte especial pelo menos três vezes por semana para fazer hemodiálise.

DIREITO 
A Lei nº 3.580, de 2006, de autoria do vereador Valcir Soares, garante a utilização do veículo pelos deficientes nas situações de saúde, trabalho, educação e lazer.

Desde 2017, no entanto, as reclamações são constantes: vão desde o não cumprimento do horário até a recusado município na disponibilização do serviço e o estado precário dos veículos.

Atualmente, há 900 pessoas cadastradas e uma frota de nove veículos para atender a demanda.
“Eu preciso do carro para chegar até a escola e, quando ele não vem, eu tenho que pegar dois ônibus convencionais para conseguir chegar. Para entrar no veículo que não é adaptado, preciso da ajuda de outras pessoas e nem sempre encontro”, diz Lucas Ferreira, autônomo, morador do bairro Monte Sião, a cerca de 15 km da escola. 

Há dois dias ele tentou fazer o agendamento do serviço para ontem, no horário noturno, mas recebeu “não” como resposta. 
“A MCTrans alegou que não poderia me atender porque tem muita demanda. Em muitas ocasiões eles marcam, não comparecem e também não dão explicações. Quando a gente liga para reclamar, falam que não foi feito o agendamento”, reclama Lucas. “São muitos os problemas e está muito difícil continuar assim”, desabafa o jovem.

O responsável pelo setor na MCTrans foi procurado para falar sobre o assunto, mas não respondeu até o fechamento da edição.

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