Toque de recolher ameaça empregos em Montes Claros

Medida que começa a valer hoje impacta ainda mais o faturamento de bares e restaurantes

Márcia Vieira
O NORTE
25/02/2021 às 00:55.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:15
 (LEO QUEIROZ)

(LEO QUEIROZ)

Montes Claros engrossa a lista de cidades mineiras que decidiram adotar o toque de recolher como forma de tentar reduzir o número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. A partir desta quinta-feira (25), está proibida a circulação de pessoas e veículos pelas ruas do município entre 22h30 e 5h. O decreto publicado nesta quarta-feira também traz uma série de restrições a estabelecimentos comerciais.

A cidade do Norte de Minas é a sexta do Estado a adotar a restrição durante a noite. Também optaram pelo toque de recolher Uberlândia, Patrocínio, Coromandel, Patos de Minas e Lagoa Formosa, cidades do Triângulo e Alto Paranaíba que têm vivenciado uma explosão de casos da Covid-19 e falta de leitos para atendimento aos pacientes. 

A decisão da Prefeitura de Montes Claros causou surpresa e polêmica na cidade. O Decreto nº 4.176, assinado pelo prefeito Humberto Souto, determina a adoção das medidas pelos próximos dez dias. As novas regras são resultado de reunião com integrantes do Comitê de Combate à Covid, com a participação consultiva de representantes de entidades de classe, polícias e órgãos de saúde.

Os parâmetros para se definir pelo toque de recolher vem dos indicadores epidemiológicos e da capacidade assistencial do município. Segundo o boletim divulgado pela prefeitura, em um único dia foram constatados 217 novos casos da doença e cinco mortes por Covid-19. A taxa de ocupação dos hospitais atingiu o nível mais alto desde o início da pandemia. Nesta terça feira, os dados apontavam para 91% de ocupação de leitos clínicos e 70% de leitos UTI adulto pelo SUS. Já a ocupação de leitos para Covid-19 em hospitais particulares e convênios era de 60%.
 
IMPACTOS
Apesar dos índices crescentes, novo decreto desagradou a muita gente, principalmente a donos de bares e restaurantes, que terão que fechar as portas às 21h30. Há meses eles vêm pedindo ao município um recuo nas restrições por causa dos impactos financeiros que elas provocam. Agora, com essa nova medida, já falam em demissão em massa.

O presidente da Abrasel Norte de Minas, Rodrigo de Paula, se reuniu ontem com vereadores para pleitear, entre outras medidas, a anistia de tributos, o pleno funcionamento do delivery, sem restrição de horário, e o adiamento da entrada em vigor do decreto.

“A estimativa da Abrasel é a de que entre 1.300 a 1.500 funcionários devam ser demitidos. Foi constatado que não há mais possibilidade de o setor ser cerceado do livre direito de trabalho e conseguir manter os empregos”, afirma Rodrigo, acrescentando que foi solicitado ao Legislativo que faça a interlocução com imobiliárias que tenham clientes do setor e com a Cemig e Copasa, para que não haja o corte no fornecimento dos serviços, além da criação de um canal exclusivo para estes empreendedores parcelarem as dívidas.

“Os associados definiram que não farão mais pedidos de cervejarias e outros fornecedores por não terem mais a possibilidade de faturamento para pagar as compras. A anistia de multas e tributos e isenção de IPTU para este quase um ano de pandemia é necessária, uma vez que estes trabalhadores praticamente não puderam desenvolver suas atividades. Caso não seja considerada essa medida, faremos solicitação ao Ministério Público”, pontua Rodrigo, que se reúne nesta tarde com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) em busca de alternativas.

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